Estruturas paralelas
O comportamento da maioria dos eleitores nos pleitos municipais tem contribuído para um desvio na função do vereador. Na coluna anterior, discutimos o papel do vereador: ser uma pessoa integrante de um poder cuja atribuição é fiscalizar as ações do Executivo e discutir e elaborar projetos de lei que visem resolver os problemas da cidade. A Câmara é um órgão representativo da sociedade civil da cidade, por isto lá convivem diferentes forças políticas e ideológicas, pois o eleitorado é plural e têm posições políticas e ideológicas variadas. Assim, os problemas mais graves do município devem ser debatidos neste órgão que tem a competência para elaborar leis que possam resolvê-los.
Não é o que acontece em grande parte dos municípios. Isto em boa parte por responsabilidade de alguns eleitores que ainda enxergam que o vereador é uma pessoa para resolver os “seus” problemas de forma imediata. Os problemas que os cidadãos enfrentam no seu cotidiano são fruto de políticas administrativas e é isto que a Câmara tem que discutir. Por exemplo, a falta de um asfalto numa rua, ou de um posto de saúde, ou ainda de uma escola, são conseqüências de prioridades administrativas. O Executivo pode estar priorizando outras coisas para aplicar as verbas que não o atendimento destas questões que afetam a população. O que a população tem que exigir do vereador é que ele discuta o Orçamento Municipal, que cobre do prefeito que priorize aquelas áreas que a população mais está carente.
Em Guarulhos, há vereadores que montaram serviços paralelos a municipalidade como: ambulâncias, ônibus para enterros, máquinas e caminhões, visando atender os eleitores ao invés de exigir que o município cumpra o seu papel. Em troca, essa população fica sempre em “débito” com os políticos e pagam com o voto.
Estamos vivendo um período de redução de despesas em todas as áreas. As indústrias começam a discutir o custo do transporte de funcionários e a população de Guarulhos sabe muito bem que, devido a falta de terminais de ônibus, para chegar às areas industriais e hospitais, é preciso, no mínimo, pagar quatro passagens de ônibus. Onde estão os vereadores que não se moblizam para resolver este problema?
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