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Cadê a democracia?
A passagem dos 500 anos de Brasil desvendou a essência do governo de Fernando Henrique Cardoso: quem está com ele, tudo bem; quem não estiver, leva pau! As manifestações dos índios, negros, populares e sindicalistas, protestando contra as “comemorações oficiais” dos cinco séculos de Brasil foram duramente reprimidas pela Polícia Militar da Bahia, a mando do governo daquele estado e da equipe de segurança do presidente.
A face autoritária do governo continuou com a repressão aos manifestantes do Movimento dos Sem Terra na onda de protestos no dia 2 de maio. O discurso de FHC de que não irá tolerar a baderna, de que não aceita protesto contra o seu governo, de que não via negociar com ninguém, relembra os tristes tempos da ditadura militar, onde o problema social era tratado como caso de polícia.
E o autoritarismo do presidente ficou ainda mais visível quando da votação do salário mínimo. O presidente simplesmente ameaçou os parlamentares de partidos da base governista que votassem contra o mínimo de R$151,00 que perderiam as indicações para os cargos no governo. O pior é que esta “negociata” funcionou: o PFL (Partido da Frente Liberal) que lançou a bandeira do mínimo de 100 dólares, diante desta ameaça, recuou e acabou votando e aprovando a proposta do presidente.
Lamentavelmente, aquilo que nós temíamos aconteceu. O salário mínimo, um tema importantíssimo para o país e criticado no mundo inteiro pelo seu baixíssimo valor, virou uma “moeda de troca” nas negociatas na calada da noite entre os parlamentares governistas e o presidente. O trabalhador fica, mais uma vez, a ver navios.
Antonio Silvan Oliveira (presidente)
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