Ele não ficou para fechar a edição do jornal (nem para tomar a saideira)
Dennis de Oliveira (jornalista responsável do Informequim)
O jornalismo brasileiro e o movimento sindical perderam um grande personagem – o jornalista José Carlos Acuio, editor do Jornal Sindical, do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e do Trabalhador Gráfico, jornal do Sindicato dos Gráficos de S. Paulo, faleceu no dia 31 de março – curiosamente, o mesmo dia do golpe militar que instaurou uma ditadura militar sangrenta, que Acuio combateu tenazmente.
O falecimento de Acuio deixa uma grande lacuna no jornalismo brasileiro, hoje dominado por textos “chapa branca”, em que os trabalhadores só aparecem como pontos percentuais nas estatísticas de desemprego e sub-emprego ou como “baderneiros” quando fazem greve. Buscando sempre inovar, Acuio lançou em 1978 uma grande inovação no jornalismo brasileiro – o Microjornal, o menor jornal do mundo, com microcontos críticos e humorísticos.
Apaixonado pelas letras, Acuio construiu sua carreira também como escritor, sendo que ultimamente se dedicou a publicar livros infanto-juvenis, como Joana no país dos mitos (1972) e Joana e o Mar (1992).
Defensor da democracia e dos direitos dos trabalhadores, Acuio teve papel importante no desenvolvimento da imprensa sindical. Durante 15 anos foi o editor responsável do jornal do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos. Foi assessor de imprensa da Federação dos Químicos de São Paulo. A grande imprensa também teve o prazer de contar com o trabalho de Acuio que foi editor da revista Visão e repórter e redator da Veja, Diário do Grande ABC, além do jornal do PCB (Partido Comunista Brasileiro), Voz da Unidade. Acuio foi sepultado no mausoléu do jornalista, em São Paulo.
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