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Obras da Nova Dutra e abandono da prefeitura causam mortes no Jardim Dinamarca
Obras inacabadas da Nova Dutra (empresa que administra a Rodovia Presidente Dutra) e abandono dos órgãos públicos causaram várias tragédias no Jardim Dinamarca. A última foi no dia 23 de fevereiro, quando a cidade foi atingida por fortes chuvas que alagaram vários bairros de Guarulhos. William Ferreira Rocha, 15 anos incompletos, voltava do trabalho por volta das 17h15, andando de bicicleta em uma via ladeada por profundas escavações que se tornam verdadeiros lagos em dias de chuva. O jovem trabalhador acabou caindo nestas laterais alagadas e foi puxado pela correnteza, vindo a falecer por afogamento.
Os moradores do bairro entrevistados pela reportagem do Informequim afirmaram que eles mesmos tiveram que procurar e encontrar o corpo na “lagoa”. “Os bombeiros chegaram aqui e disseram que não tinham equipamentos para procurar o menino”, afirma Gedião Ferreira Torres. Ele cita os moradores que resgataram o corpo de William: “Sãopaulino, Capeta, Naninho, Orlandinho, Índio, Primo, Neguinho e Ricardo, além de mim”. Para fazer o serviço que competia ao corpo de bombeiros, os moradores utilizaram de uma corda e uma lanterna, pois já era noite.
“Tem um problema no bairro que ninguém toma providência. Fizeram duas tubulações de aço para passar a água, mas uma está fechada e a enxurrada vem tudo para cá. Moro aqui há 15 anos e estas enchentes começaram somente de uns dez anos para cá”, afirma Torres.
Os moradores culpam as obras da concessionária Nova Dutra pelos problemas no bairro. Segundo Ricardo Santos Menezes, a empresa está jogando a terra das escavações das suas obras no terreno baldio ao lado da via que dá acesso ao bairro e isto vem causando as enchentes. “A gente fica praticamente ilhado em dias de chuva”, diz ele. Menezes criticou duramente os bombeiros que não resgataram o corpo do menino. “Para mim, isto é negligência, omissão de socorro”, diz.
Um outro problema reclamado pelos moradores do Jardim Dinamarca é quanto a ausência de uma passarela para travessia da Dutra. “Várias pessoas morreram atropeladas, pois no bairro não tem escola de segundo grau e os jovens são obrigados a ir a escolas dos bairros vizinhos para estudar e correm o risco atravessando a pista”, conta Ricardo. Segundo ele, a concessionária Nova Dutra diz que não pode construir a passarela agora porque a pista deverá ser alargada. A reportagem do jornal Informequim conversou com a mãe de uma destas vítimas de atropelamentos na Dutra, a senhora Teresa Silva Santos. Sua filha, Lenice, de 18 anos, saiu para trabalhar de manhã cedo no dia 7 de dezembro do ano passado e menos de meia hora depois, ela recebeu a trágica notícia de que sua filha tinha morrido atropelada quando atravessava a estrada.
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