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“Recall” não é mais que obrigação da empresa

Reginaldo Sena (diretor do Sindicato dos Químicos de Guarulhos)

Os consumidores brasileiros acostumaram-se, nos últimos anos, a uma palavra nova: recall. De origem inglesa, esta palavra quer dizer uma nova convocação, isto é, o fornecedor está chamando os consumidores para um serviço a ser realizado nas mercadorias vendidas que tenham defeitos. Note bem: mercadorias vendidas com defeitos.

As empresas que fazem o recall utilizam este expediente como uma “propaganda” de que ela está preocupada com o consumidor, e que esta prática demonstra uma qualidade no atendimento ao consumidor. Pura balela! Se a empresa vende uma mercadoria com defeito, ela não tem mais que a obrigação que trocar esta mercadoria. Qualidade seria se a empresa fornecesse mercadorias sem nenhum defeito. Isto é o que o consumidor espera dos seus fornecedores.

As montadoras de automóveis estão sendo as campeãs do recall. A Fiat fez um recentemente para trocar peças do freio e a General Motors está chamando os proprietários de veículos de 1999 a 2001 para trocar os rolamentos. Vejam só a gravidade do problema. São peças importantíssimas que, defeituosas, podem provocar acidentes fatais. Será que vai ser feito um levantamento de todos os acidentes automobilísticos envolvendo carros destas marcas nos últimos anos para verificar se foram provocados por defeitos nestas peças? As empresas vão se responsabilizar por isto?
O que está acontecendo é uma prática que beira a irresponsabilidade das empresas. Vendem produtos com defeitos, depois de um tempo, admitem o erro e chamam os consumidores para fazer os reparos. E os transtornos que isto causou e causará aos consumidores que serão obrigados a enfrentar filas, perder o seu tempo e tudo mais?

Reafirmamos: o recall não é mais que uma obrigação da empresa, mas quando ele acontece demonstra falha na produção e não qualidade.