Infelizmente, o governo continua privilegiando banqueiros em vez de apoiar o setor produtivo
A mobilização será sempre o meio de o movimento sindical obter conquistas para a classe trabalhadora. Lógico que o sistema vai criar dificuldades para frear qualquer avanço. Porém, não podemos cair nesta armadilha, mas prosseguir avançando.
Não é novidade a luta que travamos pela queda da taxa de juros no Brasil. A cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) estamos nos manifestando diante da sede do BC em São Paulo.
Em julho repetimos a dose, com a colaboração de diversos dirigentes de sindicatos filiados à Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas no Est. de SP), também de companheiros da CNTQ, desde diretores e assessores, além da presença das centrais sindicais, nesta batalha feroz.
Infelizmente, o governo continua privilegiando banqueiros em vez de apoiar o setor produtivo. Parece novela, mas todo ano se repete a mesma coisa. Quando analisamos o orçamento da União, a maior parte da fatia do bolo monetário fica para os juros e amortização da dívida, colocando no cofre dos bancos grande quantia de dinheiro.
Do orçamento de 2015, estimado em R$ 2,268 trilhões; os banqueiros ficaram com R$ 962 bilhões, equivalentes a 42,43% deste orçamento. Por outro lado, a Previdência Social precisou se contentar com apenas R$ 472 bilhões (22,69% do orçamento). Na ótica do governo, é melhor despejar rios de dinheiro para saciar a fome do mercado financeiro, do que pensar na população que é responsável pela geração de riquezas desta nação.
Pelos cálculos de economistas, cada ponto percentual da Taxa Selic é equivalente a R$ 280 bilhões. Lógico, que os banqueiros nunca ficarão contentes com a redução de juros. Para eles, quanto mais alta estiver a Selic, maior é o volume de dinheiro em suas mãos. Para se comparar este absurdo, a taxa básica de juros nos Estados Unidos para 2017 está em 1,25% enquanto no Brasil conseguimos abaixar para 9,25%.
Em 2016, a taxa média anual de juros no rotativo dos cartões de crédito, no Brasil, chegou a 436%. No mesmo período, nesta mesma modalidade, na Argentina chegou-se a 43,29%; no Chile, 24,90%; Colômbia, 30,45% e México, 23%!
Qual a razão para os bancos brasileiros cobrarem juros tão elevados no cartão? Mesmo com a Selic a 9,25%, eles continuarão famintos em arrancar mais dinheiro da população. E, claro, com o governo na mesma posição de braços cruzados. Este é mais um motivo para prosseguirmos mobilizados, até o dia que a produção tiver mais importância do que a especulação financeira.