“Enquanto o impeachment é um processo político, o TSE é um procedimento jurídico que provavelmente acabará no Supremo Tribunal Federal. Os dois demorarão mais do que os mercados – esperançosos por um governo mais amigável aos investidores – possam estar esperando”, diz o texto.
A reportagem, que ocupa uma página inteira do jornal, diz que os investidores estão “otimistas sobre uma mudança em Brasília”.
“O escândalo de corrupção da Petrobras e o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff estão alimentando uma crescente corrida por ações, títulos e moeda brasileira, dando ao país uma oportunidade de recorrer aos mercados internacionais pela primeira vez em 18 meses.”
Segundo o jornal, o real teve alta de mais de 10% em relação ao dólar este ano, tornando-se o moeda com melhor desempenho entre países emergentes, enquanto a Bovespa subiu 14%.
“Ao ignorar a recessão, déficit fiscal e agitação política, os investidores estão apostando que o Brasil está perto de instalar um novo governo que irá tirar sua economia da estagnação.”
Política
O jornal diz, porém, que nem Dilma nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem “desistir fácil”, citando o clamor do ex-presidente para que as pessoas fossem às ruas após sua condução coercitiva e o passado de guerrilheira de Dilma.
A reportagem diz que a intensificação das investigações de corrupção no país, que chegaram ao ex-presidente Lula, abriram uma “capítulo perigoso” na crise.
“Enquanto o país se prepara para sediar a Olimpíada, há dúvidas sobre se haverá um presidente no cargo durante os Jogos.”
De acordo com a publicação, os protestos refletem não só a insatisfação com o governo mas também com a mudança na sorte do país.
“Após aparentemente não fazer nada de errado na primeira década do século, o Brasil está lutando para fazer qualquer coisa certa na segunda”.
Na sequência de eventos negativos, o jornal menciona a traumática derrota por 7 x 1 na Copa, a falência de Eike Batista, que chegou a ser o homem mais rico do país, o risco de Lula (“estrela política que chegou a representar o entusiasmo e potencial do país”) parar na cadeia e a epidemia de zika.
O Financial Times destaca ainda a “bomba-relógio” criada pela Constituição de 1988 com gastos obrigatórios na forma de benefícios, aposentadorias e salários “insustentáveis”.
“No importa quem governe o Brasil, há uma necessidade urgente de reestruturar suas finanças públicas.”