Para jornal britânico, investidores estão ignorando recessão, déficit fiscal e agitação política e apostando que país está perto de instalar um novo governo.

Um eventual impeachment ou cassação da presidente Dilma Rousseff pela Justiça Eleitoral podem levar mais tempo do que os mercados esperam, diz o jornal britânico Financial Times na edição desta terça-feira (15).

“Enquanto o impeachment é um processo político, o TSE é um procedimento jurídico que provavelmente acabará no Supremo Tribunal Federal. Os dois demorarão mais do que os mercados – esperançosos por um governo mais amigável aos investidores – possam estar esperando”, diz o texto.

A reportagem, que ocupa uma página inteira do jornal, diz que os investidores estão “otimistas sobre uma mudança em Brasília”.

“O escândalo de corrupção da Petrobras e o possível impeachment da presidente Dilma Rousseff estão alimentando uma crescente corrida por ações, títulos e moeda brasileira, dando ao país uma oportunidade de recorrer aos mercados internacionais pela primeira vez em 18 meses.”

Segundo o jornal, o real teve alta de mais de 10% em relação ao dólar este ano, tornando-se o moeda com melhor desempenho entre países emergentes, enquanto a Bovespa subiu 14%.

“Ao ignorar a recessão, déficit fiscal e agitação política, os investidores estão apostando que o Brasil está perto de instalar um novo governo que irá tirar sua economia da estagnação.”

Política
O jornal diz, porém, que nem Dilma nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem “desistir fácil”, citando o clamor do ex-presidente para que as pessoas fossem às ruas após sua condução coercitiva e o passado de guerrilheira de Dilma.

A reportagem diz que a intensificação das investigações de corrupção no país, que chegaram ao ex-presidente Lula, abriram uma “capítulo perigoso” na crise.

“Enquanto o país se prepara para sediar a Olimpíada, há dúvidas sobre se haverá um presidente no cargo durante os Jogos.”

De acordo com a publicação, os protestos refletem não só a insatisfação com o governo mas também com a mudança na sorte do país.

“Após aparentemente não fazer nada de errado na primeira década do século, o Brasil está lutando para fazer qualquer coisa certa na segunda”.

Na sequência de eventos negativos, o jornal menciona a traumática derrota por 7 x 1 na Copa, a falência de Eike Batista, que chegou a ser o homem mais rico do país, o risco de Lula (“estrela política que chegou a representar o entusiasmo e potencial do país”) parar na cadeia e a epidemia de zika.

O Financial Times destaca ainda a “bomba-relógio” criada pela Constituição de 1988 com gastos obrigatórios na forma de benefícios, aposentadorias e salários “insustentáveis”.

“No importa quem governe o Brasil, há uma necessidade urgente de reestruturar suas finanças públicas.”