Há reclamação recorrente dos deputados de que somente eles se desgastam para votar medidas impopulares, que ficam paralisadas no Senado

Em mais uma articulação para diminuir a resistência dos deputados à reforma da Previdência, articuladores do governo acertaram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que a proposta só será votada no plenário da Casa após o Senado concluir a votação da reforma trabalhista, apurou o Broadcast Político com pelo menos três fontes envolvidas nas negociações.

A avaliação de interlocutores do governo é de que a votação da reforma trabalhista pelo Senado será uma sinalização importante para os deputados de que os senadores também arcarão com o ônus de votar as reformas. Hoje, há uma reclamação recorrente na Câmara de que só os deputados se desgastam para votar medidas impopulares, que acabam paralisadas no Senado.

Deputados citam pelo menos dois exemplos disso: o projeto das 10 medidas de combate à corrupção e o projeto de lei que regulamentou a terceirização irrestrita. O pacote anticorrupção foi votado na Câmara no fim de novembro de 2016 e, desde então, está parado no Senado. Já na terceirização, deputados arcaram sozinhos com o ônus de votar novamente um projeto de 1998, que já tinha passado pela Câmara em 2000 e pelo Senado em 2002.

Se o acerto for mantido, a reforma da Previdência só deve começar a ser votada no plenário da Câmara em junho, atrasando o calendário do governo, que previa início da votação ainda em maio. No Senado, não há previsão para votação da reforma trabalhista. Na Casa, a matéria tramitará sem urgência. Antes de ser votada no plenário, terá de ser aprovada por pelo menos duas comissões: a de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE).

Na Câmara, as previsões mais otimistas são de que a reforma trabalhista tem chances de começar a ser votada na última semana de maio. Embora o governo tenha maioria na comissão especial, líderes da base aliada admitem que o Executivo ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta da reforma da previdência no plenário. Por isso, recorrem às mais diversas estratégias em busca de apoio.