Na próxima semana (entre os dias 8 e 12) as centrais vão enviar a Brasília um grupo de sindicalistas preparados para dialogar com deputados e senadores  sobre as propostas de reformas previdenciária e trabalhista, que estão em tramitação no Congresso nacional. Ao mesmo tempo, os dirigentes sindicais vão procurar os parlamentares nos estados para debater essas propostas e a posição dos trabalhadores.

Entre os dias 15 e 19, as centrais decidiram pela estratégia de #Ocupar Brasília. Cada segmento, por exemplo, trabalhadores da área da cultura, dos rurais, das mulheres farão atividades na Capital Federal em um dia da semana. As centrais farão uma Marcha para Brasília e ato em dia a ser definido dependendo do cronograma de votação das reformas.

Na reunião realizada nesta quinta-feira (dia 4), na sede da CUT, os representantes das centrais fizeram uma avaliação dos atos, paralisações e greves do dia 28 de abril. “A avaliação da Força Sindical é de que o dia 28 foi positivo, com ação unitária e com a participação de diversas categorias. Foi a greve mais comentada da história da Internet, segundo a FGV e com uma das maiores audiência da TV Globo”, disse João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical.

Juruna comentou que  o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força), não estava presente na reunião, mas que o sindicalista está em sintonia com a ação unitária das centrais. “Quanto ao calendário consideramos positivo. Cada sindicato deve levar, no mínimo, um ônibus de trabalhadores para Brasília”, destacou.

Na reunião, os sindicalistas aprovaram também uma moção em solidariedade aos ativistas de movimentos sociais que foram presos por causa das manifestações do dia 28 de abril e uma carta de agradecimento ao apoio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) aos trabalhadores.

Eis a íntegra da carta:

Para S. Eminência Reverendíssima Dom Sérgio,

Cardeal Rocha DD. Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Prezado Dom Sérgio,

Reunidos em São Paulo nesta data, dirigentes sindicais das Centrais Sindicais – (nome das Centrais que subscrevem), decidimos manifestar de forma oficial nosso reconhecimento e nossa gratidão ao apoio claro e explícito que a Igreja Católica no Brasil manifestou à luta pela justiça dos trabalhadores e do povo brasileiro no período recente, e particularmente por ocasião da Greve Geral realizada no último dia 28 de abril.

A coragem e a generosidade  reconhecidas de muitos Bispos ao publicarem explicitamente seu apoio ao Movimento, e sobretudo as declarações claras e enérgicas por parte da própria Assembléia, provocaram, dom Sérgio, um encorajamento, um ânimo muito grande em nossa gente.

Queremos que o Senhor saiba deste nosso reconhecimento porque sabemos também o quanto lhes custa tomar estas posições, e as pressões que os poderosos exercem em defesa de seus privilégios e de seus projetos que legalizam a exploração e a exclusão.

Nós que já nos entusiasmávamos com as posições proféticas do Papa Francisco, constatamos agora, com muita alegria, que a Igreja no Brasil está seguindo seu Pastor e pondo em prática uma atuação que honra o Evangelho e a prática de Jesus Cristo.

Dom Sérgio, esteja certo: não estamos lutando por privilégios de grupos ou corporações. Estamos lutando para que os mais pobres e excluídos deste Brasil não sejam ainda mais massacrados por reformas legais que falam em modernização mas que se constituem na prática formas cruéis de aumentar a exploração; lutamos para que nosso País não tenha alienados seus bens mais estratégicos, para que o sistema financeiro e o mercado não sejam a única orientação política deste País.

Confessamos ao Senhor e aos membros desta Assembléia que nem nós imaginávamos que este Governo ilegítimo fosse chegar tão longe em seus propósitos e em suas ações de retirada de direitos daqueles que historicamente já foram vítimas da exclusão.  E a cada dia uma nova surpresa: veja, dom Sérgio o escândalo desta nova proposta de legislação trabalhista para o campo, que quer impor ao trabalhador condições análogas à escravidão: 18 dias de trabalho seguidos,  jornada de 12 horas, pagamento em casa ou alimentação, venda total das férias… Veja o relatório da CPI da Funai e do Incra, criminalizando aqueles que ousam defender a população indígena, vítima extrema da espoliação.

Dom Sérgio, o combate que eles fazem ao chamado imposto sindical é outra tentativa de fragilizar a resistência a seus projetos; enquanto isso, as entidades Patronais auferem, através do sistema S, recursos infinitamente maiores, recursos estes que são utilizados exatamente para financiar e comprar o voto de parlamentares a favor das pretendidas reformas anti-sociais.

É contra esta sanha exploradora que nos levantamos e vemos com satisfação que nosso grito se faz ouvir cada dia mais pela população e por entidades da importância da CNBB.

Muito obrigado, dom Sérgio, por podermos compartilhar esta luta pela justiça. Transmita, por favor a Dom Leonardo e a todos os Bispos, este nosso reconhecimento. Ao mesmo tempo, devemos lhe dizer que nossa luta deverá ser dura e muito longa. Continuamos, por isso, contando, com sua generosidade, sua coragem profética e seu apoio de Pastores.

São Paulo, 4 de maio de 2017.