Após a desilusão da perda do trabalho, receber o seguro-desemprego deveria ser um alívio. Porém, não é o que acontece, já que muitas vezes o valor é insuficiente para cobrir as despesas das famílias, que se veem obrigadas a cortar gastos para sobreviver.

Na região, somente no mês de junho, 5.721 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados. São pessoas que vão receber de um salário mínimo (R$ 788) ao teto, de R$ 1.385,91.

Rebeca Camilo Mantovani, 28 anos, é moradora de São Bernardo e está desempregada há quatro meses. Ela atuou como assistente de atendimento técnico em empresa em Diadema por sete anos. Desde que foi mandada embora, teve que cortar gastos em casa, já que o ordenado de R$ 2.100 era essencial para a renda da família. “Meu marido trabalha, mas ganha em torno de R$ 1.500. Meu salário vai fazer muita falta. Vou ter que cortar a perua escolar da minha filha e deixar de comprar alguns itens. É difícil.”

Atualmente ela, que possui qualificação técnica em processos gerenciais, continua procurando emprego. Chegou a ir a algumas entrevistas, porém, o salário era menor. “Percebi que vai ser muito difícil conseguir outra coisa. Estou mandando currículos e me inscrevi na central de emprego.”

Para quem ainda vai retirar o benefício, o medo do desemprego também existe. Everson Alves da Silva, 20, era promotor de vendas há 11 meses. Ele é solteiro e mora com os pais em Santo André, que também dependiam do seu salário de R$ 1.400 para o orçamento da casa. “Não estava esperando. Agora tenho que correr atrás. Não está fácil para ninguém.”

No caso de Anderson Brandão Souza, 23, a empresa de comunicação visual, mesmo que pequena, ofereceu PDV (Programa de Demissão Voluntária) aos funcionários. Ele recusou e entrou na Justiça para ser mandado embora com todos os direitos. “O patrão não tinha condições de nos demitir, mas eu não ia perder dois anos de registro. Foi uma vitória, porém, agora o que mais me preocupa é a situação da minha família. Tenho um filho de 5 meses e a minha esposa saiu do emprego para cuidar dele. Eu recebia R$ 1.400, mas vou pegar qualquer emprego que aparecer”, disse.

De acordo com as novas regras, agora é preciso trabalhar por 12 meses para pedir o benefício pela primeira vez, nove para solicitar a segunda e seis pela terceira, período que antes valia para todos. O valor é definido conforme a faixa salarial, sendo calculadas fórmulas a partir do salário médio dos últimos três meses. O tempo que o benefício é ofertado pode variar de três parcelas, para quem trabalhou de seis a 11 meses; quatro, para quem trabalhou de 12 a 23 meses; e cinco para quem atuou de 24 meses em diante.As alterações entraram em vigor em junho, quando a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a Medida Provisória 665.

Muita gente ainda desconhece as mudanças. É o caso de Andrea Antunes Oliveira, 36, que pediu para ser mandada embora de empresa terceirizada que prestava serviços à Prefeitura de Santo André. “É mais uma coisa que esse governo tira da gente. Pensei que tinha direito, já contava com esse dinheiro. É difícil manter a casa e os três filhos só com a renda de R$ 2.000 do meu marido. Agora quero montar o meu negócio, fiquei desiludida com registro na carteira.”

PREFEITURAS – Em Diadema, houve aumento na procura pelo benefício em relação ao ano passado. Em agosto de 2014, 939 trabalhadores procuraram o Centro Público de Emprego da cidade e, no mesmo período deste ano, 1.094 – aumento de 16,51%. Durante todo o mês de setembro do ano passado, foram 961 pessoas, sendo que até ontem 939 trabalhadores já tinham procurado o serviço.

Em São Bernardo houve redução na procura. Em agosto de 2014, foram 404 trabalhadores e neste ano, 201, redução de 49,88%. Em setembro, eram 373 no ano passado e, até o momento, 92.

O mesmo aconteceu em Mauá, que registrou 1.844 casos em agosto do ano passado e, agora, 1.243. Em setembro, a queda foi de 69% até o momento. As demais cidades não forneceram dados.

Fonte: Diário do Grande ABC