Inicialmente acreditava-se que manipulação envolvia 500 mil unidades e só nos EUA. Montadora reservou US$ 7 bi para possíveis perdas, mas apenas multas nos EUA podem chegar a US$ 18 bi
A Volkswagen admitiu nesta terça-feira (22) que o dispositivo para fraudar os resultados dos controles de dados de emissões poluentes foi instalado em até 11 milhões de veículos em todo o mundo, em várias marcas de seus automóveis.
O escândalo da montadora alemã é ainda maior que o previsto inicialmente: acreditava-se inicialmente que cerca de meio milhão de unidades tinham o sistema fraudulento e que o problema estava restrito ao mercado dos Estados Unidos.
A crise da empresa fez as suas ações encolherem cerca de 20% pelo segundo dia consecutivo, derrubando os papéis de outras montadoras europeias e americanas (como Fiat Chrysler, General Motors e Ford), já que existe o temor de que a fraude não esteja restrita à Volkswagen.
Além da investigação nos Estados Unidos, a empresa é alvo agora das autoridades francesas, alemãs e sul-coreanas.
A montadora alemã anunciou ainda que reservou € 6,5 bilhões (cerca de US$ 7 bilhões, ou R$ 28 bilhões) no terceiro trimestre para enfrentar as potenciais consequências do escândalo, revelado na semana passada nos Estados Unidos –porém apenas as multas no mercado americano podem superar US$ 18 bilhões.
A companhia também vai cortar sua meta de lucro.
O montante de provisões de que necessita ainda pode mudar conforme continua a investigação, disse a montadora nesta terça-feira (22).
“As metas de lucro para o grupo em 2015 serão ajustadas adequadamente”, disse a companhia alemã, sem fornecer detalhes.
A VW disse nesta terça-feira que investigações internas mostraram que o software de controle de emissões relevantes também foi usado em outros modelos.
A companhia disse que as provisões que está separando são para cobrir medidas de serviços resultantes do escândalo de emissões, assim como “outros esforços para recuperar a confiança de nossos consumidores”
A montadora, porém, não informou se parte do dinheiro pode ser direcionada para potenciais penalidades que terá que pagar.
Na segunda-feira (21), a montadora alemã suspendeu a venda nos Estados Unidos de seus modelos a diesel de quatro cilindros das marcas VW e Audi (como Jetta, Beetle, Audi A3, Golf e Passat), depois de admitir que falsificou dados sobre emissões poluentes.
Os dois modelos representavam 23% das vendas da Volkswagen nos Estados Unidos. A empresa alemã vendeu de janeiro a agosto 240 mil veículos no mercado norte-americano.
COMO ERA A FRAUDE
Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA, a empresa instalou um software programado para detectar quando o carro está passando por um teste oficial de emissões e para ativar o sistema pleno de controle de emissões apenas durante a análise.
Os controles são desativados em situações de uso normal dos veículos (com motores de quatro cilindros vendidos entre 2009 e 2015), nas quais eles poluem muito mais do que o fabricante reporta, de acordo com a agência norte-americana.