Com taxa de desemprego perto dos 10%, não são poucos os trabalhadores que agora se deparam com a pergunta “entrou uma bolada na minha conta, o que eu faço?”. Invista, é a recomendação de planejadores financeiros.

Para eles, dois são os motivos principais para isso: evitar que o dinheiro da rescisão trabalhista –em muitos casos a poupança de uma vida– seja gasto rapidamente ou que, parado na conta, esse recurso se desvalorize devido à inflação em alta.

“O momento é de ser conservador. A preocupação [do desempregado] não pode ser ganhar dinheiro [com investimentos], mas sim não perder”, diz Álvaro Modernell, sócio-diretor em educação financeira da Mais Ativos.

O valor da rescisão deve ser utilizado exclusivamente para que a família consiga pagar despesas mais básicas, como aluguel ou a parcela do financiamento imobiliário, contas de água e luz, alimentação no período de “vacas magras”. Especialmente se o montante for suficiente apenas para um período de menos de um ano.

Isso porque não há previsão de melhora no mercado de trabalho. No ano passado, o país perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho. Em 2016, mais 2,2 milhões de vagas devem ser fechadas, segundo projeções de economistas.

Neste cenário, Modernell considera a poupança um lugar confortável para quem terá dinheiro por menos de um ano.”Em um prazo de até seis meses, a perda na poupança [para a inflação] é menos representativa do que a segurança que ela oferece”, diz.

Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, sugere que os investimentos precisam ter alta liquidez, curto prazo e pouquíssimo risco de flutuação. Os CDBs são boa opção para quem tiver mais de R$ 30 mil, valor a partir do qual normalmente bancos oferecem rentabilidades maiores e taxas menores. Já o Tesouro Selic é adequado para valores inferiores.

“Mas é preciso gastar algum tempo pesquisando investimentos. Fora dos grandes bancos existem produtos mais vantajosos”, diz Viriato.

Para ele, a poupança é um péssimo negócio: além de ter perdido para a inflação no ano passado, resgatar o valor guardado exige disciplina. Se o saque for feito antes do aniversário da poupança, perde-se dinheiro.

Se o valor da rescisão for suficiente para viver sem nova fonte de renda por mais de um ano, as aplicações podem ser diversificadas. A parte que não será necessária no curto prazo pode ir para investimentos com maior rentabilidade e prazo mais longo para resgate, sugere Viriato.

A liquidação de financiamentos de prazo maior só deve ser considerada se o valor recebido for suficiente para ficar sem trabalhar por mais de um ano, diz o consultor financeiro Erasmo Vieira.

“Se sobrar dinheiro para mais de um ano, as dívidas podem ser quitadas para reduzir o orçamento mensal”, diz Vieira.