Motivo de preocupação e de alertas constantes de nossa parte há pelo menos dois anos, a especulação financeira tem sido a grande vilã de nossa economia. Não existe nada mais rentável no Brasil do que a atuação no mercado financeiro. Nem mesmo a crise é capaz de atingi-lo. Com todas as benesses do governo voltadas ao seu negócio, o lucro bancário é o que podemos chamar de negócio da “China”, afinal, em plena crise política e financeira, temos acompanhado os bancos registrando lucros exorbitantes.
Enquanto nos demais setores da economia, a situação não é nada animadora, com demissão, propostas de férias coletivas e redução da jornada de trabalho com diminuição no valor dos salários, a taxa do rotativo do cartão de crédito chegou a 13,59% (361,40% ao ano) em setembro, alta de 1,65% em relação agosto. O maior juro cobrado desde março de 1996.
Em setembro, a taxa média de juros cobrada em empréstimos chegou a 131,1% ao ano, alta de 1,26% na comparação com agosto, segundo dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac. Para a Anefac, as taxas de juros sobre as operações de crédito vão continuar elevadas pelos próximos meses “tendo em vista o cenário econômico atual que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência”.
O atual cenário pede cautela, afinal, com os juros do cartão nas alturas e a taxa Selic a 14,25% ir as compras pode ter como resultado uma enrascada financeira sem fim.
As duras penas o consumidor já percebeu isto e antes de encarar uma dívida, tem pensado bastante, pesquisa, compara os preços e leva para casa somente o essencial para a sua família. Em meio a este comportamento de risco e na contramão da crise, os especuladores fiscais e bancários parecem não se importar com o cenário desolador.
A proteção ao sistema financeiro é tão escancarada que a presidente Dilma Rousseff mantém sob sua proteção e benção o ex-presidente do Banco Bradesco, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Todas estas benesses aos bancos lhe renderam um afago do presidente do Itaú-Unibanco, Roberto Setúbal, que em entrevista recente ao Jornal Folha de São Paulo se declarou totalmente contra o impeachment da presidente, “a saída da presidente “criaria uma instabilidade ruim para a nossa democracia”.
Desde 1995 no comando do maior banco privado do país, o empresário afirmou que um impeachment por corrupção não tem cabimento uma vez que “não há nenhum sinal de envolvimento dela [Dilma] com esquemas de corrupção”. Vale lembrar que apesar da crise brasileira, o Itaú bateu seu próprio recorde de lucro no primeiro trimestre de 2015, atingindo R$ 5,7 bilhões.
Em suas medidas mirabolantes econômica e politicamente, o governo parece não se importar com a classe menos favorecida. E pesa a mão no trabalhador que além da ameaça financeira que sofre diariamente, precisa se preocupar também em não perder os seus direitos trabalhistas conquistados as duras penas.
Mais uma vez o esforço dos trabalhadores e de diversas entidades da sociedade civil organizada não foi reconhecido, inclusive passando por cima de compromissos assumidos durante a campanha eleitoral para reeleição da presidente Dilma Rousseff. Infelizmente o governo federal preferiu se curvar perante o capital especulativo, que nunca se cansa de ganhar dinheiro sem qualquer investimento na criação de postos de emprego.
O Sindiquímicos está preocupado com esse atual cenário e para resguardar os direitos dos trabalhadores temos somados esforços junto às esferas sociais e econômicas deste país, afinal, o trabalhador merece o nosso respeito.