Mais uma vez o esforço dos trabalhadores e de diversas entidades da sociedade civil organizada não foi reconhecido, inclusive passando por cima de compromissos assumidos durante a campanha eleitoral para reeleição da presidente Dilma Rousseff. Infelizmente o governo federal preferiu se curvar perante o capital especulativo, que nunca se cansa de ganhar dinheiro sem qualquer investimento na criação de postos de emprego.
Entendemos como sarcasmo a fala do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de ressuscitar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) durante quatro anos para ajudar na viabilização do superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) de 0,7% do PIB (soma dos bens e riquezas produzidas num país) para 2016.
No passado a CPMF foi criada visando ajudar o SUS (Sistema Único de Saúde), mas pouco tempo depois virou outra fonte de renda para pagamento dos débitos do governo, decepcionando imensamente o autor da ideia, o médico Adib Jatene, então ministro da Saúde na década na gestão FHC, cuja intenção era obter recursos para tirar a saúde da UTI.
Nos causa mais espanto é o governo continuar apostando no modelo neoliberal, que tem como mola mestra retirar conquistas trabalhistas e privilegiar o sistema financeiro. O que a presidente Dilma Rousseff está fazendo com os trabalhadores e a sociedade brasileira é pior do que esperávamos que fosse colocado em prática pelos seus opositores durante a campanha eleitoral.
Hoje o desemprego passa dos 13%, milhares de empresas estão quebrando, outras entram em concordata, outras lançam mão de férias coletivas, além de já termos a sensação de um péssimo final de ano. Por outro lado, os bancos continuam lucrando. Aliás, conforme farto noticiário, os dois maiores bancos brasileiros, Itaú e Bradesco, para citar um exemplo, registraram lucro gigantesco. Claro, agradecidos pelo estilo do governo atual, que deixa de lado o setor industrial, geradores de centenas de milhares de postos de trabalho, além de contribuir com outra fábula em impostos.
Quando o governo anuncia que o orçamento de 2016 terá corte de R$ 26 bilhões, ele deixa bem claro que tem a intenção de recuperar a credibilidade junto aos investidores internacionais. Ou seja, o capital especulativo, que ganha fortunas com a nossa taxa Selic, atualmente em 14,25%. O grande absurdo é que o Brasil vai pagar cerca de R$ 500 bilhões ao ano, algo em torno de 7% do PIB. Se a Selic, de acordo com economistas, caísse de 14,25% para 9%, o Brasil iria economizar R$ 150 bilhões.
Infelizmente não é essa a intenção do governo. Ficou insensível com a taxa de desemprego que não para de crescer. Não aceita mais ouvir sugestões do movimento sindical, nem de brasileiros preocupados com a governabilidade do país e com a qualidade de vida da população. O foco é apenas privilegiar banqueiros, deixando a indústria nacional relegada ao relento, sofrendo, junto com os trabalhadores toda sorte de ataques, por meio de Medidas Provisórias, que tanto malefícios já fizeram contra muitos pais e mães de famílias.
O modelo neoliberal adotado pela presidente Dilma Rousseff é tão violento que os cortes no Orçamento de 2016 atingirão, em maior dose, o Programa Minha Casa, Minha Vida. Até o direito de se ter a tão sonhada casa própria, neste governo, vai se transformar em pesadelo. Infelizmente o ditado popular que diz que: “O que está ruim pode ficar pior” está se tornado realidade para desgosto da maioria da população que apostou no programa de governo de Dilma Rousseff. Ela está fazendo pior do que sinalizava a oposição.