PIB brasileiro cai e mantém recessão

Apesar dos efeitos da crise sobre a economia, o desempenho do comércio varejista surpreendeu em novembro pelo segundo mês seguido. As vendas do setor cresceram 1,5% na passagem de outubro para novembro, informou o IBGE nesta quarta-feira (13).

Quando comparadas com o mesmo mês de 2014, as vendas do comércio recuaram 7,8%, a oitava taxa negativa consecutiva tipo de comparação e a mais acentuada desde março de 2003 (-11,4%).

O resultado é bem melhor da estimativa de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg. O centro (mediana) das previsões era de queda de 0,8% em novembro frente a outubro e de 9% ante novembro de 2014.

O avanço surpreendeu em um momento em que as famílias brasileiras estão reduzindo o consumo para compensar a queda na renda, a piora do emprego e preços mais salgados. Isso tem afetado as vendas dos mais diferentes ramos do comércio.

Segundo Isabella Nunes, gerente de Serviços e Comércio do IBGE, as vendas em novembro foram melhores do que outubro graças aos eventos de preços promocionais, como a Black Friday.

“Promoções do mês de novembro vêm aumentando e estimulando sobretudo as vendas de bens duráveis, como eletrodomésticos. O consumidor compra em novembro para antecipar as compras de fim de ano, uma data festiva”, disse a gerente do IBGE.

Destaque do mês, o ramo de móveis e eletrodomésticos teve avanço de 6,9% frente a outubro. Na comparação ao mesmo mês de 2014, porém, o setor ainda encolhe 14,7%, afetado pela menor oferta de crédito no país.

“Isso mostra que, apesar dessa melhora em comparação ao mês anterior, o cenário era melhor em novembro de 2014. Temos agora um mercado de trabalho com queda na renda, juros mais elevados. O cenário mudou bastante”, disse Isabella.

Das oito atividades do comércio pesquisadas pelo IBGE, cinco tiveram crescimento em novembro.

Outros destaques foram os ramos chamados “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com alta de 4,1%, e “equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, com avanço de 17,4% frente a outubro.

Os hiper e supermercados, que comercializam bens considerados mais essenciais, como alimentos e bebidas, voltaram ao campo negativo no mês, após alta em outubro. O ramo encolheu 1,5% de outubro para novembro.

O varejo acumula agora uma queda de 4% nas vendas no ano e de 3,5% nos últimos 12 meses, segundo os dados divulgados pelo IBGE.

Izis Ferreira, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), diz que as projeções indicam que as vendas do comércio vão fechar o ano com queda de 4%, o que seria o pior resultado da série histórica da pesquisa.

“O ano que começou não vai ser muito diferente. Estamos prevendo um segundo ano de queda das vendas do comércio e quase na mesma magnitude”, disse a economista.

Isso significa que o setor interrompeu um ciclo de dez anos de crescimento, embalado pelo avanço da renda, do emprego, preços relativamente comportados e a escalada social de milhões de brasileiros.

VAREJO AMPLIADO

O IBGE também calcula os resultados do chamado varejo ampliado, que inclui os ramos de automóveis e material de construção. O cálculo é feito em separado porque os dois setores também vendem para o atacado.

Neste caso, as vendas tiveram alta de 0,5% em novembro de 2015, frente ao mês imediatamente anterior, e queda de de 13,2% na comparação ao mesmo mês de 2014. As vendas de veículos e motos subiram 1,2% frente a outubro.