O racionamento de água feito pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na região metropolitana poupou o equivalente a 27% da capacidade do Sistema Cantareira em 2015, ano em que a redução da pressão na rede foi intensificada por causa do agravamento da crise hídrica, provocando longos cortes no abastecimento à população.

Dados fornecidos pela empresa mostram que o racionamento resultou em uma economia média de 8,6 mil litros por segundo, o que corresponde a 271 bilhões de litros no ano. O volume supera em uma vez e meia a capacidade do Sistema Guarapiranga e é suficiente para abastecer 2,5 milhões de pessoas, a soma do número de habitantes de Guarulhos e Campinas.

Embora a Sabesp destaque a adesão da população ao programa de bônus como um grande trunfo para evitar o colapso no abastecimento em 2015, o volume economizado com o racionamento foi 41% maior do que o obtido por meio da economia espontânea feita pelos consumidores, que chegou a 192 bilhões de litros no ano passado.

Isso significa que a entrega controlada de água feita pela Sabesp foi responsável por 58% da economia total obtida em 2015, de 463,3 bilhões de litros. Na prática, se o racionamento não tivesse sido implementado, o volume morto do Cantareira teria se esgotado. Após 19 meses de uso e uma série de chuvas constantes no manancial, a reserva profunda do sistema foi recuperada em 30 de dezembro.

Críticos da gestão da crise hídrica paulista defendiam que o racionamento deveria ter começado antes e de forma mais transparente para a população. “Se tivéssemos reduzido a retirada de água antes, provavelmente teríamos o sistema com mais de 40% da capacidade hoje”, diz Pedro Côrtez, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em recursos hídricos. Ontem, o sistema tinha 9,4%.

Restrição

Segundo a Sabesp, a redução da pressão é feita desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos na tubulação em períodos de baixo consumo, como na madrugada. O período de restrição foi sendo ampliado gradativamente a partir de fevereiro de 2014 à medida que obras para aumentar o uso de outros sistemas foram sendo concluídas. As manobras, porém, só foram admitidas em abril, após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, e os horários de restrição, divulgados à população em janeiro de 2015. Agora, o tempo médio de racionamento caiu de 15 horas para 8 horas na capital.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.