Para se concentrar no foco de seus negócios, os shoppings centers têm buscado intensamente a terceirização de serviços, como manutenção elétrica, hidráulica, segurança, limpeza, operação de ar-condicionado, brigada de incêndios.
A desaceleração da economia e a alta do desemprego não reduziram esse movimento, que continua crescendo, apesar de em ritmo mais lento. As prestadoras que oferecem esses serviços continuam fechando novos contratos e mantendo conversas para novos negócios em um momento em que os administradores de shoppings buscam reduzir custos e trabalham em renegociações de acordos de aluguéis.
“Os clientes querem mais do que nunca se concentrar em sua atividade fim, que é assegurar a permanência do lojista, as conversas voltaram a se aquecer nesses últimos meses e temos a expectativa de fechar acordos”, afirma o diretor executivo da Personal Service, Luiz Garcia. A empresa hoje tem contratos com 22 shoppings em três Estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A meta é fechar o ano com a conquista de seis novas contas.
Em paralelo, a empresa está criando novos produtos e mapeando o mercado do Nordeste para identificar potenciais clientes, para participar do crescimento da região. “Estamos fortalecendo a área comercial tanto do ponto de vista geográfico quanto de produto.”
Uma novidade é que a empresa irá oferecer auditoria em lojas de shoppings. A Persona Service oferece serviços para todos os tipos de centros comerciais, mas tem trabalhado para oferecer serviços para shoppings voltados à classe A. “Temos uma especialização nesse nicho, que requer uniformes diferenciados, serviços diferentes”, aponta o executivo. Há oito anos, a empresa reformulou sua atuação e passou a atuar na área de serviços, com destaque aos shoppings, por conta do crescimento do setor.
O ritmo de negócios também tem trazido otimismo para outros elos da cadeia que atuam na terceirização. Para esse ano, a Astrein, que desenvolve softwares, treinamento e serviços nas áreas de centrais de cadastro, gestão de manutenção e facilities, e inspeção de obras, pretende manter o nível de negócios do ano passado, quando a empresa cresceu 35%. O quadro desse ano é diferente do visto em 2012, 2013 e 2014, quando os centros comerciais estavam cheios e continuavam crescendo com vigor.
No atual quadro recessivo, custos fixos, como energia elétrica, tiveram expressiva alta e a queda de braço entre shoppings e lojistas para redução dos preços de aluguéis se intensificou. “Cresce a importância de ter ferramentas que possam permitir o gerenciamento do ar-condicionado, que promovam uma melhor manutenção do edifício. O software permite avaliar quando devem ser feitas as manutenções e também auxilia na limpeza de várias áreas”, diz Alexandre Siqueira, diretor comercial da Astrein.
Por exemplo, hoje a energia elétrica, que subiu mais de 40% em algumas capitais, é um custo acompanhado por lupa pelos gestores. “Num dia de frio, com sessão de poucas pessoas, no meio da tarde, há alguns cinemas que trabalham com ar-condicionado no máximo, gastando energia e sendo pouco eficiente.”
A estratégia é trabalhar com os grandes grupos e com os pequenos, que possuem dois ou três shoppings, e ganhar espaço no mercado do Nordeste, que também tem crescido com força. “Nos grandes, estamos trabalhando com novas soluções, como a possibilidade de avaliar indicadores pelos smartphones, enquanto nos pequenos é a criação dos indicadores base que eles usam para fazer a gestão dos shoppings”, destaca Siqueira.
Nos shoppings, a terceirização pode não atingir atividades secundárias, como limpeza, manutenção, segurança, como também envolver a administração do espaço comercial. Em alguns casos, os empreendedores são investidores e delegam a gestão para administradores especializados na área. Para José Roberto Barsotti Baldin, professor da Faap, cerca de 90% dos shoppings terceirizam seus serviços secundários, mas é difícil estimar a terceirização da administração deles, porque isso envolve vários modelos. “Há aqueles em que os empreendedores são 100% investidores e delegam a administração, há um modelo híbrido que combina administrador e investidor e o do administrador com participação no shopping.”