Entre agosto e setembro, a indústria de transformação mostrou ligeira melhora, mas os números revelam a fragilidade da recuperação

Entre agosto e setembro, a indústria de transformação mostrou ligeira melhora, após dois meses de queda. Mas os números revelam a fragilidade da recuperação e há grandes diferenças no comportamento dos diversos ramos.

Nos segmentos de alta e de média-alta intensidade tecnológica a posição da indústria brasileira se mostrou mais vulnerável, com quedas de 9,8% e de 10,6% na comparação entre os primeiros três trimestres de 2015 e de 2016, segundo a Carta do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi).

Indústrias tecnologicamente intensivas investem mais em inovação, agregam valor à produção, ganham competitividade e participação nos mercados local e internacional. Os resultados aparecem em qualidade, eficiência e melhores produtos, serviços e processos.

As quedas no segmento de alta intensidade tecnológica foram substanciais no complexo eletrônico, que inclui a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação (-21,4%), na produção de bens de informática e de escritório (-29%) e de instrumentos de precisão e material óptico (-14,2%). O setor farmacêutico caiu 1,3%.

O segmento de intensidade média-alta foi muito afetado pela queda do setor automobilístico (-17%), mas também caíram máquinas e equipamentos mecânicos (-13,7%).

Também recuou a indústria de média-baixa intensidade (-9,5%), como produtos metálicos, derivados de petróleo e outros combustíveis, minerais não metálicos, borracha e plásticos. A queda foi menor (2%) nos produtos de baixa intensidade tecnológica (alimentos, bebidas, fumo, têxteis, couro, calçados, madeira, papel e celulose e reciclados).

Os indicadores do Iedi, baseados em metodologia da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são um indício das dificuldades que a indústria terá de enfrentar no caminho da recuperação. Mostram, por exemplo, os riscos de o valor adicionado pela indústria ser pouco expressivo na comparação com o de setores inovadores e dinâmicos, como o agronegócio.

A fraqueza da demanda local explica um aumento de exportações, mas não a ponto de mudar, para melhor, as perspectivas para a indústria.

Fonte – O Estado de S.Paulo