Consumidores criaram a alternativa para não ter de pagar por recicláveis. Uma rede de supermercados já resolveu proibir o uso para manter ‘essência da ideia de reciclagem’
A necessidade de pagar pelas novas sacolinhas plásticas costuma gerar queixas mal-humoradas nos supermercados. “É péssimo” diz a aposentada Yara Rossi, 68. “Tem coisa pior estragando o ambiente”, declara a analista de sistemas Maria Aparecida Ornellas, 58. A novidade é que, agora, parte dos consumidores não só reclama como também busca alternativas para driblar o pagamento. Por determinação da prefeitura, desde maio o comércio está proibido de oferecer sacolinhas de plástico brancas. Somente as de cor verde e cinza, feitas com materiais renováveis, podem ser disponibilizadas. Cabe aos comerciantes decidir se vão cobrar ou não por elas. Para evitar comprar as sacolas, muitas pessoas estão levando recipientes próprios para carregar as compras. Outras adotaram uma alternativa: o saquinho transparente do setor de hortifrútis.
“Às vezes, embalam a compra toda com os saquinhos”, conta o empacotador Alan de Oliveira, de um supermercado da zona oeste. A vendedora Mildreds Montovane é uma das que adotaram a prática. “Evito ir aos supermercados que não dão as novas sacolinhas. Quando vou, pego as de plástico transparente para substituir”, diz. No Walmart da Barra Funda (zona oeste), a reportagem encontrou três clientes que transformaram os saquinhos em algo parecido com uma sacola: amarraram dois deles, encheram de produtos e os seguravam por um nó. O supervisor de loja Marcos César, 40, afirma que os clientes estão colocando tudo dentro dos saquinhos: salgados, leite, iogurte. Uma operadora de caixa que não quis ser identificada afirmou que não há instrução do supermercado para conter o uso dos saquinhos.
PROIBIÇÃO
Mas já há lugares que proíbem. No Futurama da Lapa (zona oeste), o gerente Antônio de Sousa, 60, tomou uma atitude para coibir a prática.
Nas sete unidades do supermercado na capital paulista, nada de saquinhos de plástico para produtos que não sejam do hortifrúti.
“Se deixarmos isso acontecer, saímos da essência da ideia, que é a reciclagem. Não estamos interessados em vender sacolas, e sim em ensinar as pessoas a usá-las corretamente”, conta.
Sousa diz que, no começo, a proibição foi motivo de discussões no supermercado.
“A gente fala para os caixas explicarem com gentileza para o cliente. Já tive que conversar pessoalmente com alguns e mostrar que não era correto, mas agora já estão acostumados”, diz.
A prefeitura informou que consumidores e comerciantes passam por uma “adaptação” à nova regra e, eventualmente, podem receber orientações ou advertências sobre a utilização dos saquinhos.