A indústria brasileira iniciou o segundo semestre com ligeiro aumento na produção, reforçando as apostas dos analistas de que o pior da crise do setor ficou para trás.

Divulgada na sexta-feira (2), a produção industrial teve pequena alta de 0,1% em julho frente ao mês anterior, no quinto mês consecutivo de resultados positivos.

O ritmo menos intenso de recuperação —o setor havia subido 1,3% em junho, pelo número revisado— era esperado por analistas consultados pela agência Bloomberg, que previam estabilidade na produção.

“A tendência de recuperação não muda. Não vamos ver um novo mergulho da indústria, assim como a recuperação também não será rápida”, disse Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores.

Nesses cinco meses de variações positivas, a indústria acumulou alta de 3,7%. O aumento, claro, recupera apenas parte das perdas do ano passado.

Em julho, o patamar da produção das fábricas estava 6,6% menor do que um ano antes, uma diferença menor que a prevista pelos analistas consultados pela agência Bloomberg (-7%).

O setor acumula agora uma queda de 8,7% neste ano e baixa de 9,6% no acumulado de 12 meses.

SETORES

Dos 24 setores da indústria acompanhados pelo IBGE, 11 aumentaram a produção na passagem de junho para julho.

O destaque de avanço foi o setor alimentício, que interrompeu dois meses consecutivos de queda na produção, período em que havia acumulado perda de 6,4%, informou o IBGE em sua divulgação.

Outras contribuições relevante vieram de indústrias extrativas (1,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,8%), metalurgia (1,6%) e atividade de refino e biocombustíveis (0,4%).

Dos setores que tiveram um desempenho pior na passagem dos dois meses, os de maior relevância foram perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), segundo o IBGE.

CATEGORIA

Das grandes categorias econômicas acompanhadas pelo IBGE (grupos que reúnem produtos por seu tipo de uso), o destaque ficou para bens de consumo duráveis, que avançou 3,3% de junho para julho deste ano.

Foi a terceira variação positiva dos bens duráveis, que acumulam ganho de 11,7% nesse período.

Um dos principais responsáveis pela recuperação da indústria nos últimos meses, os bens de capital —categoria que inclui máquinas, caminhões— recuaram 2,7% frente a junho.

Nesse caso, a queda interrompeu uma sequência de seis meses consecutivos de aumento da produção, período em que acumulou avanço de 14,7%.

FUTURO

indústria foi um dos destaques positivos do PIB (Produto Interno Bruto)divulgado na quarta-feira (31), ao registrar uma alta de 0,3% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores.

Essa recuperação do setor seguirá lenta nos próximos meses, apoiada na melhora da confiança dos empresários, na redução do nível dos estoques e de uma taxa de câmbio em patamar ainda favorável para as exportações.

Segundo Nishida, da LCA, o setor só não vai reagir mais rapidamente nos próximos meses porque não será acompanhado pela melhora da demanda doméstica, afetada pelo desemprego e pela renda.

“Mas é de se esperar que a indústria tenha mais uma variação positiva do PIB no terceiro trimestre”, disse o economista, que lidera o ranking da Bloomberg dos que mais acertam projeções da indústria.