O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em Londres que o crescimento da taxa de desemprego para 8,7%, divulgado nesta quinta-feira (29), é fruto da demora da aprovação pelo Congresso das medidas fiscais do governo.

“As pessoas não podem só olhar os sintomas, você tem de ver a causa. O desemprego e a inflação são sintomas de que o problema fiscal ainda não foi tratado com a energia que precisa ser tratado. Para isso, a gente precisa de medidas e eu sei que tem muita gente no Congresso que sabe disso e que está trabalhando”, afirmou.

Segundo ele, as empresas não abrem novos postos de trabalho à espera do ajuste fiscal, o que, argumenta o ministro, gera desconfiança com o futuro da economia no país. Entre as medidas em discussão está a recriação da CMPF, que encontra resistências no Congresso.

TAXA DE DESOCUPAÇÃO – Por trimestre móvel, em %

“Por isso, a gente tem que dar essa sinalização para a economia poder responder. Porque se as empresas estão receosas, não sabem quando a questão fiscal vai ser resolvida, é lógico que começam a se contrair. Aí você acaba gerando o desemprego por causa da ambiguidade do que está acontecendo”, disse Levy, em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros e estrangeiros na embaixada do Brasil, em Londres.

O ministro ainda mandou um recado aos críticos de sua política econômica: “O Brasil tem de ser olhado de maneira positiva. Não pode ter torcida negativa. A gente vai mais uma vez superar aqueles grandes problemas que as pessoas apontam no curto prazo”.

Levy encerra nesta quinta (29) uma agenda de dois dias em Londres. Pela manhã, se encontrou com o ministro de Finanças britânico, George Osborne. Na viagem, o ministro destacou as medidas que vem tomando e apresentou os projetos de investimento em infraestrutura. “Temos de ter uma perspectiva fiscal suficientemente sólida para que os investidores estrangeiros e brasileiros não tenham receio. À medida que você tira esse receio, a economia volta a funcionar”, afirmou.

Rendimento médio real – Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

Na entrevista coletiva, jornalistas britânicos questionaram Levy sobre ações de curto prazo que poderiam ser adotadas pelo governo para recuperar a credibilidade externa e quando exatamente seriam implementadas. O ministro respondeu que não poderia dar uma “data certa” e disse que a “deterioração” econômica é decorrência da combinação do déficit no Orçamento com o cenário de incertezas. Reafirmou então a necessidade de acelerar a aprovação no Congresso dos ajustes fiscais.

“Temos certeza que vamos nos recuperar assim que as pessoas recuperarem a confiança”, afirmou. “Imediatamente, as pessoas pensam que não têm de ter ajustes, mas depois vão percebendo isso, de que temos que mudar. Estou confiante”, frisou Levy. “O entendimento da importância disso (ajuste fiscal) tem evoluído. Se a gente acertar o fiscal, a experiência tem que mostrado que a economia volta”, ressaltou.

O ministro avaliou com ponderação o rombo no Orçamento de 2015, de pelo menos R$ 51,8 bilhões: “A gente está botando a casa em ordem. Quando você põe a casa em ordem, às vezes aparecem alguns números muito grandes, mas a gente está exatamente virando a página de maneira muito responsável”. “Não há alternativa à pacificar a questão orçamentária e a nossa perspectiva fiscal. O resto vai funcionar. A economia quer respirar”, disse Levy.