Receitas maiores por vendas no mercado doméstico e no exterior estão permitindo a primeira onda de investimentos na complicada indústria de etanol no Brasil em quase uma década, com empresas se expandindo ou aumentando a capacidade.
A desvalorização do real melhorou as perspectivas do etanol brasileiro no exterior e os recentes aumentos nos preços nas refinarias feitos pela estatal Petrobras e impostos sobre a gasolina impulsionaram a demanda doméstica para o biocombustível a níveis recordes.
No acumulado do ano até setembro, as vendas de etanol hidratado aumentaram 42,2%, para 13,14 bilhões de litros, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), enquanto a comercialização de gasolina tem queda acentuada.
A Cargill e a Odebrecht são as maiores entre pelo menos outras oito empresas a investir na expansão nos últimos meses, mesmo quando o país mergulha de maneira profunda em sua pior recessão em mais de uma década.
A usina privada Rio Verde, de porte médio, disse que dobraria a produção de etanol ao longo dos próximos dois anos para capturar o retorno da demanda por biocombustível. “O cenário para o etanol se iluminou, mesmo com a economia geral parecendo mais difícil,” disse Luis Galan, gerente de operações da usina, que fica no Estado de Goiás.
Uma vez finalizada, a produção expandida da Rio Verde corresponderá apenas por uma porção pequena da capacidade total do Brasil, mas este e outros projetos são o maior sinal até agora de que o etanol passou pelo momento mais crítico depois que os subsídios do governo aos preços da gasolina não puderam mais ser sustentados.
Muitas das 360 usinas do país não estão em posição para construir novas fábricas conforme lutam com a sufocante dívida acumulada na última década. Usineiros ainda estão céticos de que o governo tenha abandonado sua prática de reprimir os preços dos combustíveis para limitar a inflação, o que ajudou a levar quase 80 usinas à falência nos últimos anos.
Mas o governo está rapidamente ficando sem maneiras de substituir as receitas em queda pelo aprofundamento da recessão econômica. Isto torna os aumentos adicionais de impostos na gasolina mais prováveis, o que pode fortalecer ainda mais a vantagem do etanol nas bombas de combustível.