Índice de Xangai cai 8,5% e provoca queda em mercados globais; governo chinês promete intervir. Real tem quarta maior desvalorização entre economias emergentes e moeda americana à vista chega a R$ 3,362

Um novo tombo nas Bolsas chinesas nesta segunda-feira (27) voltou a alimentar o medo entre os investidores de que o país asiático enfrente mais dificuldades que o esperado e um estouro de uma possível bolha no mercado de ações esteja próximo.

O temor arrastou para o vermelho as principais Bolsas do mundo (veja quadro) e fez o dólar disparar.

No Brasil, a moeda americana à vista terminou o dia a R$ 3,362, o maior valor desde 28 de março de 2003, quando estava cotada em R$ 3,373. No entanto, se consideradas as inflações no Brasil e nos EUA nesse período, aquele valor equivaleria hoje a R$ 5,285.

Ao receio de uma tormenta na economia chinesa somam-se as incertezas em relação ao cenário político brasileiro e à manutenção do grau de investimento pelo país (atestado de bom pagador conferido pelas agências de risco).

A queda de 8,48% na Bolsa de Xangai, a segunda maior de sua história e a mais aguda desde 2007, foi influenciada pela divulgação de dados da indústria aquém do esperado. O lucro das maiores companhias do país caiu 0,7% no semestre em relação ao mesmo período de 2014.

A notícia reforçou o pessimismo gerado pelo anúncio na sexta (24) de que a atividade industrial caía em julho.

“Há relação estreita entre perspectiva de desempenho de empresas e evolução de PIB, e a baixa sinaliza que os chineses dificilmente crescerão mais que 6,5% em 2015 e 5,5% em 2016”, afirmou Fábio Silveira, sócio da consultoria GO Associados.

O governo chinês prevê crescimento de 7% no ano. Em 2014, a expansão foi de 7,4%.

A queda brusca dos preços das ações forçou o governo a renovar seu pacote de intervenção, anunciando que comprará mais papéis para evitar “riscos sistêmicos”. Os papéis de mais de 1.700 empresas registraram queda de 10%, que é o limite diário. Ações de só 78 subiram.

Nas últimas semanas, a China vinha se empenhando em conter a desvalorização das Bolsas com medidas como a proibição de novas ofertas públicas e apoio financeiro para compra de ações. Mesmo assim, desde 12 de junho, as empresas listadas do país já perderam mais de US$ 3 trilhões em valor. A Bolsa recuou 28% no período.

Fonte: Folha de S.Paulo