Para adequar produção às vendas, ficarão em casa mais de 50% dos 30,7 mil operários de São Bernardo do Campo. Sindicato do ABC fecha terceiro acordo de redução de salário e jornada para evitar demissões na região

Cerca de 20 mil trabalhadores ficam em casa na próxima semana com a parada na produção de três montadoras de São Bernardo de Campo (SP). O número representa mais da metade dos 30,7 mil que trabalham nas cinco montadoras da cidade.

Com a medida, as empresas querem ajustar o ritmo de produção à queda nas vendas. O emplacamento de veículos caiu 19% na comparação de janeiro a julho com o mesmo período de 2014. Já a produção do setor automotivo acumula queda de 18,1% na mesma comparação, o pior resultado desde 2006.

Ford e Volkswagen decidiram emendar o feriado de aniversário de São Bernardo, comemorado na quinta (20), com os demais dias da semana e vão interromper a fabricação de veículos e caminhões. Na linha de caminhões da Ford, a parada vai até o dia 25.

Na Mercedes-Benz, 7.000 funcionários das áreas produtivas estão em licença remunerada até o dia 21.

Os trabalhadores da fabricante de ônibus e caminhões fazem assembleia neste sábado (15) para definir medidas a fim de proteger os empregos dos 10,4 mil funcionários.

A Mercedes anunciou na sexta (7) que iniciará cortes a partir de 1º de setembro. O número não foi divulgado, mas a empresa afirma ter 2.000 funcionários excedentes em São Bernardo, o que representa quase um quinto da mão de obra dessa unidade.

Já a Scania informou que concederá folga aos 3.400 funcionários de São Bernardo por causa do feriado municipal, que será emendado na sexta (21). Não há relação com a crise –a empresa exporta metade de sua produção de ônibus e caminhões.

NOVA ADESÃO AO PPE

A Melling do Brasil, empresa de componentes automotivos de Diadema, aderiu nesta sexta (14) ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego). O acordo terá duração de seis meses e prevê a redução de 9,83% da jornada e dos salários de 200 trabalhadores. Metade da redução salarial (4,9%) será bancada pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A empresa é a terceira da região do ABC a aderir ao programa. As primeiras foram a Rassini e a Trefilação União, de São Bernardo.

Fonte: Folha de S.Paulo