Os juros médios cobrados por bancos e financeiras, bem como no crediário de lojas, de pessoas físicas e jurídicas chegaram ao maior nível desde abril de 2009, segundo a pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Embora as taxas sejam mais elevadas para as famílias do que para as companhias, é possível que estas sejam ainda mais atingidas, pois raramente podem evitar a tomada de empréstimos para manter suas atividades.
Em outubro, os juros médios pagos pelas pessoas físicas chegaram a 7,30% ao mês, ou 132,91% ao ano, subindo 44,94 pontos porcentuais desde o início da alta da taxa básica de juros, em janeiro de 2013. Os juros mais baixos são aplicados no financiamento a veículos (30,15% ao ano) e os mais elevados no cheque especial (226,39% ao ano) e no rotativo do cartão de crédito (368,27% ao ano). Nestes dois casos, são operações que comprometem a saúde financeira das pessoas e devem ser evitadas. Mas mesmo o custo dos empréstimos pessoais nos bancos (64,59% ao ano) ou os juros do comércio (86,90% ao ano) são altíssimos para pessoas com renda quase estagnada, num ambiente de inflação de 10% ao ano.
As pessoas jurídicas pagam em média 34,17% ao ano nas operações de capital de giro, 49,09% ao ano ao descontar duplicatas e 127,76% nas operações de conta garantida. Mas, numa conjuntura econômica pior, o custo das linhas de crédito deve ser visto além do que sugerem as pesquisas de juros, indicando que o juro médio era de 63,08% ao ano em outubro, alta de 19,5 pontos porcentuais desde janeiro de 2013. Além de juros, as empresas têm de pagar fornecedores e salários, sob pena de sair do mercado.
Companhias de pequeno porte, para as quais os juros são superiores aos médios, têm fechado as portas por falta de clientes e pela impossibilidade de concorrer com grandes, que se valem de ganhos de escala. Além disso, pequenas e médias têm menos acesso do que grandes às linhas de financiamento direcionado, como as do BNDES, em que os juros são muito inferiores aos de mercado e os prazos de pagamento são dilatados.
Mas, se tomaram recursos no exterior, também grandes companhias, fechadas ou abertas, ficaram mais vulneráveis, pois as dívidas em reais cresceram rapidamente, enquanto os lucros declinaram.
O pior é que, já altos, os juros podem subir mais, segundo a Anefac.