Mais uma vez o Agronegócio se apodera de um recurso fabuloso, através de transferência de receita do governo federal.
Uma das promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a sua campanha eleitoral, mais uma vez não está sendo cumprida. O governo se comprometeu com trabalhadores e trabalhadoras que recebem até R$ 5 mil ficariam isentos do IR, e mais uma vez não cumpre com a sua palavra. Somente quem ganha até R$ 2.640,00 está fora das garras de Leão do Imposto de Renda.
A desculpa do governo é que a correção integral da tabela do IR faria com que o Leão deixasse de arrecadar R$ 184,29 bilhões. Com a isenção de IR para salários até R$ 5 mil, cerca de 18 milhões de trabalhadores acabariam contemplados com essa medida e mais dinheiro injetado na economia. Caso a tabela do IR fosse corrigida já neste ano de 2024 pela inflação, o limite para isenção subiria para salários até R$ 4.723,77. Se tivesse sido aplicada em 2023, esse limite atingiria salários até R$ 4.465,34, de acordo com cálculos de auditores fiscais da Receita Federal.
Porém, no final do primeiro semestre de 2023, o governo Lula liberou R$ 272,12 bilhões para a agricultura empresarial, além de outros R$ 92,1 bilhões para investimentos neste setor. Para financiamentos, o agronegócio recebeu neste pacote R$ 101,5 bilhões com taxas subsidiadas.
Agronegócio
Segundo o presidente do SindiQuímicos Guarulhos e da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico), Antonio Silvan Oliveira, é lamentável que o governo tenha dado a sua palavra aos trabalhadores, que o elegeram e no seu segundo ano de governo, dê continuidade aos compromissos assumidos com o Agronegócio.
Segundo Silvan, desde o primeiro ano do governo Lula continuam as linhas de créditos subsidiados, com mais dinheiro do Estado brasileiro sendo transferido para empresas e grupos econômicos, como ocorreu com a redução da carga tributária para 17 setores da economia, que prometeram contribuir com a redução do desemprego e melhorar a renda do trabalhador, mas até agora não fizeram nada em troca dos benefícios que receberam e continuam recebendo.
Mais uma vez o Agronegócio se apodera de um recurso fabuloso, através de transferência de receita do governo federal, linhas de créditos subsidiadas do BNDES, dinheiro este que poderia ter sido usado na melhoria da qualidade de vida do trabalhador, com a qualificação e requalificação profissional. “O governo Lula age como uma espécie de Robin Hood ao contrário, tirando dos pobres para dar aos ricos”, comparou Silvan.
Medidas
Na avaliação de Silvan, o presidente Lula prossegue privilegiando o sistema financeiro e, grandes empresários deste País. “O governo Lula precisa repensar o compromisso assumido com os trabalhadores e tomar medidas necessárias, isentando trabalhadores e trabalhadoras para que parte deste dinheiro, que o Leão do Imposto de Renda come, seja utilizado na alimentação e vida da família do trabalhador”, disse.
“Estamos no segundo ano do governo Lula. Governo que foi trazido ao poder pela luta de milhões de brasileiros que garantiram a eleição do presidente. Mas infelizmente, o principal compromisso em campanha que beneficiaria milhões de trabalhadores, que é isentar do imposto de renda os salários até R$ 5 mil, o governo não cumpriu”, criticou.
Porém, Silva ressalta que apesar dos contrastes que estão ocorrendo ainda no segundo ano do governo Lula, no seu terceiro mandato, o trabalhador não pode ter dúvida de que este é o melhor governo para a classe trabalhadora. “O que cobramos é a correção de rumo. Este governo precisa cumprir o que prometeu à classe trabalhadora. Continuamos acreditando no governo Lula, Continuaremos firmes para que esse governo se consolide para disputarmos e sairmos vitoriosos no próximo processo eleitoral de 2026”, afirmou.
“A nossa crítica vem num momento de fortalecimento desta aliança necessária para dar continuidade ao governo e garantir que em 2026 possamos estar numa condição bem melhor do que de hoje, mas consolidando mais um governo comprometido com a classe trabalhadora. Nosso alerta vem num momento importante, onde estamos vivemos no país, mais uma polarização: quem está a favor do pobre e quem está contra. Essas duas candidaturas vão se enfrentar em breve. É chegada a hora, de o governo Lula corrigir os rumos das suas decisões para que possamos comemorar. Até agora, os mais pobres, a classe trabalhadora, está aguardando o momento da grande comemoração”, finalizou.