O 1º Feirão de Emprego para Imigrantes foi aberto nesta quarta-feira (24), em São Paulo, no posto de atendimento ao trabalhador na Barra Funda, zona oeste paulistana.
Durante todo o dia, serão ministradas palestras sobre comportamento nas entrevistas, elaboração de currículo e direitos do trabalhador. Estão sendo oferecidas vagas no programa Jovem Aprendiz, direcionado a candidatos entre 18 e 24 anos, com ensino médio concluído ou em curso.
O posto de atendimento, que funciona dentro do Centro de Integração de Cidadania do Imigrante, já fornece normalmente atendimento especializado aos estrangeiros. “É um tratamento diferenciado, tirando dúvidas sobre como [eles] devem se apresentar na empresa e preparar os currículos. Tudo aquilo que a empresa espera, no momento da entrevista, e eles não têm informação, procuramos passar antes”, detalha a supervisora do posto, Thaís Alcantara de Lima.
As vagas mais procuradas pelos candidatos são de operário na construção civil e de serviços operacionais, no caso dos homens. Entre as mulheres, muitas buscam empregos em cozinha, no setor de limpeza e como camareira. Para ter o currículo cadastrado no sistema é preciso ter carteira de trabalho, inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e, ao menos, o protocolo do Registro Nacional de Estrangeiros (RNE).
Segundo Thaís, a maior dificuldade dos estrangeiros é que muitos não dominam o português. “Já atendemos pessoas que falam só o dialeto do país. E tentamos dar um jeito de orientá-los.”
Para contornar o problema, o projeto Sí, Yo Puedo (Sim, eu posso) oferece cursos gratuitos de português no centro. Thaís destaca que a atual situação econômica tem restringido as oportunidades dos imigrantes.
A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo passou de 12,4%, em abril, para 12,9%, em maio, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Em maio do ano passado, a taxa ficou em 11,4%.
Há um ano no país, o haitiano Auro Rodrigues já fala o básico de português. “Eu vim para cá para ajudar a minha família”, diz o professor de matemática que atualmente mora com amigos na zona leste da capital paulista. Apesar de ter a expectativa de que a mulher também consiga vir para cá, Rodrigues espera um dia poder retornar ao Haiti. “Se Deus quiser, eu volto para o meu país. Eu tenho muita saudade da minha família.”
O nigeriano Ugwunsu Chuqwu fala até o inglês com dificuldade. O jovem de 27 anos conta que perdeu toda a família em um ataque de um grupo terrorista. “Eu tive problemas na Nigéria. O Boko Haram matou minha família, meu pai e minha mãe. Como eu amo minha vida, vim para cá. Eu quero começar uma nova vida. Eu não tenho mais ninguém.” O rapaz, que já trabalhou em diversas áreas, busca vaga como motorista ou no setor de limpeza. “Eu quero aprender português e me estabelecer aqui”, enfatiza.
Os conflitos armados também fizeram com que o contador Mohamed Abdul Hamid deixasse a Síria. O primeiro destino dele foi o Egito. Porém, como o país também enfrentava turbulência, teve de buscar outro lugar para ir. “Eu visitei a Embaixada do Brasil e me disseram que seria um prazer nos receber, que tinham as portas abertas para todos os refugiados do mundo”, lembra o rapaz que trabalha fazendo comida árabe.