O governo Bolsonaro escolheu o economista Paulo Guedes para comandar a economia do Brasil. E o sistema financeiro adorou. Na visão dos banqueiros é o homem certo, no local certo, para fazer o que eles consideram certo: “continuar ganhando rios de dinheiro, como já ocorre há vários anos”. O governo já sinalizou que vai honrar com todos os compromissos assumidos pelo sistema financeiro. Ou seja, do Orçamento da União, não haverá redução do percentual destinado aos juros e amortização da dívida externa. Em 2018, os banqueiros ficaram com aproximadamente R$ 1 trilhão, equivalente a mais de 40% da divisão deste bolo.

Adepto do liberalismo, que prega a extinção do Estado na economia, prevalecendo os interesses das empresas privadas até quando elas mergulharem no caos econômico, e recorrem ao governo para sanar suas dívidas, como foi nos Estados Unidos, com o presidente Barack Obama autorizando compra de ações da GM para evitar sua falência; o ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra gastos públicos.

Investir em Saúde, Educação e Segurança Pública é perda de tempo na visão deste governo. Quanto mais pessoas doentes, melhor para aumentar os lucros de empresas de convênios médicos; menos dinheiro no Ensino Público ajuda reduzir a quantidade de pessoas esclarecidas na crítica aos desmandos do governo e pouco dinheiro na Segurança Pública é o sinal verde para empresas que lucram com violência continuarem ganhando mais dinheiro. Aliás, o Brasil é o país campeão na blindagem de automóveis, atualmente com 150 mil veículos teoricamente imunes a tiros de armas de grosso calibre.

Em quatro meses de governo, Paulo Guedes continua sinalizando que o sistema financeiro tem cartão verde neste governo. Recente relatório de estabilidade financeira, elaborado pelo Banco Central, apontou que 83% dos ativos do sistema estão nas mãos de apenas cinco bancos: Itaú/Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Santander. E como se numa cidade só existissem cinco estabelecimentos comerciais para se comprar alimentos. É o oligopólio dos banqueiros.

O sistema financeiro, do qual Paulo Guedes é defensor, continua ganhando muito dinheiro. Só em 2018, o Orçamento da União destinou 42%, algo em torno de R$ 1 trilhão para pagamento de juros aos bancos. Quantia suficiente para construir cerca de mil hospitais de porte médio. Não contentes em sugar tanto dinheiro, os bancos aumentaram as tarifas cobradas dos correntistas. Segundo o Banco Central, 95% das contas correntes estão nas mãos do Itaú/Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou Santander. Cada um deles tem em média 20 ou 30 milhões de clientes. Desta forma, quaisquer R$ 5,00 ou R$ 10,00 que acrescentarem num pacote de serviços, significam muito dinheiro no cofre. Para saber o valor gasto, é só multiplicar esses valores pelo tempo que alguém é cliente de um banco.

Não existe por parte deste governo nenhuma preocupação com geração de postos de trabalho, onde os direitos dos funcionários sejam respeitados. A regra é imitar a escravidão, daí o ataque voraz contra os sindicatos, para que não possam continuar lutando e defendendo os direitos da categoria. Para complicar mais a situação, Paulo Guedes defende uma reforma previdenciária que servirá para o sistema financeiro ganhar mais dinheiro, impossibilitando na prática que o trabalhador consiga se aposentar após 40 anos de contribuição, num Brasil, onde é muito difícil alguém encontrar emprego após 40 anos de idade. Ou seja, é algo para apenas retirar dinheiro do trabalhador e nunca devolver, quando chegar aos 65 anos de idade.

Não é novidade o aumento do desemprego, que subiu em 2018, de 12 milhões para 13 milhões neste mês de abril de 2019. São pessoas que perderam a capacidade de consumir, porque estão sem dinheiro. Na regra do mercado, sem demanda não existe venda, sem consumo não existe produção. O resultado é mais desemprego e crescimento dos problemas sociais, principalmente de Saúde, pois a falta de trabalho provoca sequelas nas pessoas que sempre estiveram atuantes no mercado, de onde ganhavam o pão de cada dia para sustento de sua família.

Mesmo com todas as dificuldades, os sindicatos continuam lutando pelos direitos da classe trabalhadora. Principalmente na redução dos juros cobrados no Brasil. Sempre os sindicatos foram às ruas protestando contra essa prática danosa de privilegiar o sistema financeiro, deixando em último plano o apoio à geração de empregos.

Mas não existe nada secreto que não seja descoberto. Dos principais cargos da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a maioria é ocupada por pessoas com vínculos com empresa de tecnologia de informação e informática. Só em 2018, o governo federal gastou cerca de R$ 5 bilhões com esse segmento econômico, num claro conflito de interesse público com o privado, visto que a legislação brasileira proíbe que pessoas com cargos no governo exerçam funções administrativas e gerenciais. É a política neoliberal do governo Bolsonaro que tenta vender a ideia de que o regime de capitalização da Previdência é bom, que visa unicamente retirar mais dinheiro do trabalhador e encher o cofre dos bancos. Pois está associado ao mercado financeiro, onde existirá vínculo restrito entre contribuinte e empresa. O problema é que a gestão desses fundos poderá deixar o trabalhador sem dinheiro, quando chegar a hora de se aposentar. Neste caso, é o trabalhador que vai arcar com o prejuízo, ficando sem nenhum benefício.

Quanto aos bancos, eles continuarão bem, ganhando fortunas sem fazer força. Dados recentes do Banco Central mostram que os juros nas operações com Pessoas Físicas passaram de 48,9% ao ano em dezembro/2018, para 51,4% ao ano, em janeiro/2019. A taxa cobrada das empresas subiu de 18,8% ao ano em dezembro para 20,2% no início de 2019. A taxa do cartão de crédito rotativo passou de 285,4%, em dezembro, para 286,9% ao ano, em janeiro. O juro do cheque especial avançou de 312,6% para 315,6% neste mesmo período. É para o mercado financeiro que o governo Bolsonaro trabalha. Em 2018, nenhum banco registrou prejuízo. Todos tiveram lucros.