A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo aumentou pelo quinto mês consecutivo, ao passar de 12,9% em maio para 13,2% em junho, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade).
O levantamento, feito mensalmente, foi divulgado hoje (29), na capital paulista.
Em junho, o contingente de desempregados foi calculado em 1,467 milhão de pessoas, 32 mil a mais do que no mês anterior. Esse número é decorrente da diminuição do nível de ocupação, com a redução de 42 mil postos de trabalho (-0,4%), e queda de 0,1% da estabilidade da População Economicamente Ativa (PEA), com 10 mil pessoas saindo do mercado de trabalho. O nível de ocupação eliminou 12 mil postos de trabalho, o que corresponde a uma queda de 0,1%.
Os dados mostram que o nível de ocupação caiu 0,4% em março e o número de ocupados foi estimado em 9,644 milhões de pessoas. O resultado foi devido à redução do número de empregados no setor de serviços (-1,1% ou a eliminação de 63 mil postos de trabalho), na indústria de transformação (-0,5% ou menos 7 mil empregos) e na construção civil (-0,4% ou menos 3 mil vagas). Houve aumento no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (2,4% ou geração de 41 mil postos de trabalho).
De acordo com a pesquisa, entre maio e junho, o rendimento médio real dos ocupados e assalariados foi de R$ 1.941,00 e R$ 1.945,00. A massa de rendimentos dos ocupados cresceu 1% e a dos assalariados, 0,5%. O número de assalariados caiu 0,9% em junho. No setor privado, o número de trabalhadores com carteira assinada subiu 0,3% e o de sem carteira diminuiu 6,7%. O volume de autônomos ficou estável em 0,2%, e os empregados domésticos tiveram retração de 2,1%.
O coordenador da pesquisa Alexandre Loloian, da Fundação Seade, explicou que não é normal ter um primeiro semestre com a taxa caindo todos os meses. “Este primeiro semestre, em termos de amplitude do valor da taxa, só é equiparável ao de 1991 e 1992, que foram anos de crise econômica e desemprego muito forte.”
Loloian destacou que a preocupação no momento é que o setor de serviços tem apresentado queda de empregos. “Essa redução pode se agravar, porque o rendimento está caindo e prejudicando o poder de compra que afeta os serviços que dependem dessa massa de rendimento. A estimativa é que nos primeiros meses do ano a massa tenha tido uma queda de R$ 7 bilhões.”
Segundo ele, no primeiro semestre houve aumento do contingente de desempregados de 394 mil pessoas, sendo reflexo da volta de pessoas ao mercado de trabalho e resultando no aumento da população economicamente ativa. “Muita gente que estava na inatividade voltou a procurar emprego e ocupação. Desses 394 mil a estimativa é de que 70% sejam parte desse movimento e que o restante tenha perdido mesmo o emprego.”
Para o coordenador da pesquisa, não há sinais que indiquem reversão desse quadro de aumento do desemprego. “Todo segundo semestre o nível de ocupação se eleva em períodos normais. Mas este ano as coisas estão muito diferentes, com ajustes da economia, contas públicas, taxas de juros, e isso pode afetar essa sazonalidade.”