“A CPMF é uma poupança necessária”, disse o ministro Nelson Barbosa, da Fazenda, nesta quarta-feira (20), em Davos, na Suíça, no primeiro dia oficial do Fórum Econômico Mundial.

“É necessário contar com ela para atravessar essa fase de turbulência econômica. Sem esse aumento vai demorar mais tempo para recuperarmos a economia. É importante para trabalhadores e empresários”, afirmou.

“A CPMF é um desafio, e é nosso dever convencer as lideranças políticas e a sociedade [de sua urgência].”

A expectativa do governo é atingir uma arrecadação de R$ 10 bilhões a partir de setembro, se a reedição do imposto for aprovada pelo Congresso até maio. A medida é importante para a meta de superavit primário (a poupança destinada ao abatimento da dívida pública) de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016.

Em seu primeiro evento internacional como ministro da Fazenda, Barbosa teve vários encontros.

REEQUILÍBRIO

A investidores, contou ter dito que o Brasil está em um processo de reequilíbrio macroeconômico, em meio a um ambiente internacional adverso, e que o governo concretizou medidas sinalizadas no início de 2015.

“Lembrei que o governo colocou como prioridade encerrar ou revisar programas, como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que acabou, e de subsídio à energia. Isso foi feito na direção correta e na velocidade possível”, disse.

O ministro acrescentou que o governo continuará a avançar com medidas que estão no Congresso Nacional e que mudam de modo estrutural a trajetória de gastos públicos.

Barbosa defendeu ainda que a economia brasileira oferece boas oportunidades em infraestrutura e outras áreas.

“Somos a sétima ou oitava economia e [o país] não pode ser esquecido.” Recordou também que foram feitos marcos regulatórios em 2015, nas áreas de portos, aeroportos. “Teremos nas telecomunicações, o que abrirá novas oportunidades. Muito se avançou, mas vamos reduzir a inflação e aumentar o emprego.”

Para isso, disse que o país está voltando a mecanismos de crédito anteriores a 2008. Citou mais uma vez os bancos públicos: “Nada mais é que o BNDES usar sua liquidez, mas sem equalizar a taxa de juros, o FGTS oferecer “funding” e, no crédito agrícola, onde o Banco do Brasil tem excesso de liquidez e pode aproveitar”.

Tudo isso, sem criar custo adicional para o Tesouro Nacional, frisou.

INVESTIDORES

De investidores, o ministro, segundo contou, ouviu sugestões para destravar investimento: para melhorar o mercado financeiro, desenvolver fontes privadas de financiamento de longo prazo, para a área de seguros, e medidas regulatórias, sem detalhar que medidas estão sendo estudadas.

Barbosa disse esperar uma retomada da economia a partir do segundo semestre.

Entre os eventos do dia, o ministro foi o principal palestrante de um almoço organizado pelo Itaú Unibanco, teve reuniões com banqueiros estrangeiros e com a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde.

O Fundo revisou nesta semana a projeção de contração do PIB brasileiro em 2016, de 1,0% para 3,5%.

“O Fundo faz revisões periódicas. As previsões são incertas”, comentou o ministro. “Estamos no início do ano e as pessoas têm de fazer projeções para ganhar seu negócio.”

Sobre o comentário do ex-presidente Lula, de que a presidente Dilma Rousseff tenha mais ousadia e se concentre na recuperação econômica e na geração de emprego, o ministro disse que não havia visto as declarações de Lula.

“É uma liderança importante no Brasil , que ouvimos, mas o governo tem ações de recuperação do crescimento para restabelecer as condições de crédito na economia sem requerer custo fiscal.”