Em entrevista, pecuarista diz que pediu empréstimo a Baiano. Bumlai disse ainda que não é tão próximo de Lula como é noticiado.
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, neste domingo (25), o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai afirma que não repassou R$ 2 milhões para uma nora do ex-presidente Lula, desmentindo Fernando Baiano, apontado por procuradores como um dos operadores que distribuíam propina no esquema de desvios da Petrobras.
Na entrevista, Bumlai disse que não é tão próximo de Lula como é noticiado. Mas o pecuarista confirmou que levou um empresário do setor de petróleo para uma audiência com o ex-presidente em 2011 a pedido de Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato.
Baiano disse em depoimento de delação premiada, no mês passado, que repassou a Bumlai os R$ 2 milhões como comissão através de contratos falsos de uma empresa do pecuarista e que Bumlai afirmou a ele que o dinheiro seria usado para pagar uma dívida imobiliária de uma nora de Lula. Segundo o delator, a comissão seria para que Bumlai, amigo de Lula, ajudasse marcando, entre outras coisas, um encontro do ex-presidente com João Carlos Ferras, então presidente da Sete Brasil. Na época, a Sete Brasil estava negociando com a Petrobras contratos para exploração do pré-sal que incluíriam a empresa OSX, do empresário Eike Batista. Baiano contou que o negócio não foi adiante, mas que pagou os R$ 2 milhões de comissão à Bumlai.
Na entrevista, Bumlai confirmou que marcou o encontro no Instituto Lula, mas que não recebeu nada por isso. Ao jornal, Bumlai disse que pegou José Carlos Bumlai negou os R$ 2 milhões com Baiano, mas que foi apenas um empréstimo para pagar funcionários da empresa dele e que tem como provar como o dinheiro foi usado e que pagou imposto sobre a transação, com nota fiscal eletrônica tirada. Bumlai declarou ao jornal: “Não paguei conta de nora de Lula, apartamento, nada a ver. Não tenho nada a ver com isso”.
Bumlai também negou que tivesse livre acesso ao Palácio do Planato. Na entrevista, ele disse que só esteve gabinete do presidente Lula duas vezes durante os oito anos de mandato e que nessas ocasiões tratou apenas de terras indígenas e proprietários rurais.
Na entrevista ao Estado de São Paulo, Bumlai diz que é amigo de Lula de festas, de almoços e aniversário e que nunca teve negócios com o ex-presidente. Bumlai também disse que, em 2002, Lula passou 3 ou 4 dias na fazenda dele, mas que depois disso foi embora, candidatou-se a presidente, ganhou e nunca mais voltou a nenhuma fazenda dele. Bumlai declarou: “É meu amigo? É meu amigo, a família é minha amiga, mas não justifica isso”. O pecuarista afirmou ainda que jamais fez lobby, muito menos usando o nome ou com autorização de Lula. Bumlai respondeu ao jornal que aceitaria fazer uma acareação com Fernando Baiano.
José Carlos Bumlai negou ainda que tenha intermediado um empréstimo de R$ 60 milhões de reais junto ao Banco Schain para o PT pagar dívidas de campanha presidencial de 20116. A acusação foi feita pelo ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa feito em seu depoimento de delação premiada prestado ao Ministério Público Federal (MPF) em agosto.
Bumlai disse ao jornal que a informação é absurda. Na delação, o ex-gerente da Petrobras afirmou que essa informação de que o empréstimo foi intermediado por Bumlai foi confirmada também por Fernando Schain, ex-executivo do grupo.