Presidente afirma Brasil sofre com disputa política que não se encerrou com a eleição e nega que haja motivo para seu afastamento
A presidente Dilma Rousseff disse em uma entrevista à CNN que não há “motivação” para o pedido de seu impeachment e afirmou que é muito perigoso tratar destes temas, pois a democrácil brasileira é frágil. A entrevista de cinco minutos, que foi ao ar neste domingo, foi concedida no dia 25 de setembro em Nova York — quando Dilma estava na cidade americana para a Assembleia Geral da ONU — ao jornalista Fareed Zackaria, que comanda o programa GPS.
— O grande problema com aqueles que querem o meu impeachment é a falta de motivação — disse Dilma, respondendo a uma pergunta sobre o risco de perder o mandato por causa dos problemas de corrupção na Petrobras. — Nós temos que ter muito cuidado sobre isso pelo seguinte motivo: a nossa democracia ainda está na adolescência — completou a presidente.
Dilma afirmou ainda que seu governo é que está dando todas as condições para as investigações sobre os casos de corrupção. A presidente afirmou que, na verdade, o que há no Brasil é uma disputa política que não se encerrou após as eleições do ano passado. Ele disse que as eleições de 2014 foram “muito conflituosas”.
Na breve entrevista, Zakaria também questionou Dilma sobre os problemas econômicos do país, dizendo que o Brasil tinha perdido “uma oportunidade de ouro”, ao não fazer as reformas estruturais quando o Brasil crescia forte, impulsionado pelas exportações para a China. Dilma rebateu, disse que muito foi feito e que “nos últimos 10 ou 12 anos” o Brasil tirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza e se transformou em um país de classe média. Ela disse que o Brasil avança na reforma da Previdência e no ajuste fiscal. O apresentador também questionou Dilma sobre seu passado de lutas contra a ditadura e lembrou de sua prisão, e Dilma reforçou a importância da democracia no Brasil.
O GPS, de Fareed Zakaria é um dos programas mais prestigiados da CNN. Na edição deste domingo, além de Dilma, houve entrevistas com Paul Wolfowitz, um dos estrategistas do Iraque, Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, e Ben Bernanke, ex-presidente do Fed (banco central dos EUA).
Fonte: O Globo