Em junho deste ano, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, após trabalho de acompanhamento de evolução da dívida pública federal, revelou que o Brasil pagou no exercício de 2020 R$ 1,4 trilhão de juros aos banqueiros. Segundo ele apurou, a necessidade líquida de financiamento do Tesouro Nacional no ano passado foi de R$ 1,283 trilhão, porém o valor superou em R$ 214,9 bilhões a previsão.

 

 

 

 

TCU mostrou – A dívida pública federal atingiu em 2020 R$ 5.010 trilhões, com o endividamento subindo de 57,4% para 67,3%. Ou seja, o TCU mostrou através deste estudo o que as entidades sindicais sempre mostraram aos trabalhadores: que o governo federal prefere continuar enchendo os cofres dos banqueiros, em vez de investir na geração de empregos, com mais apoio à indústria e políticas públicas que beneficiem à população.
O TCU realizou este trabalho para a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. O ministro Dantas enfatizou que a gestão da dívida pública precisa ser feita de forma eficiente e transparente, garantindo a credibilidade do Estado perante os seus financiadores. Infelizmente não é esta a postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre jogando a culpa dos maus resultados econômicos sobre as costas dos trabalhadores, quando deveria fazer isto era com os especuladores do mercado financeiro.

Acima da inflação – A irresponsabilidade do governo é tão grande, que o estudo do TCU mostrou que o prazo médio da dívida pública federal, que era de quatro anos em 2019, reduziu para 3,6 anos em 2020 e o percentual de títulos vencendo em 12 meses, que antes era de 18,7% em 2019, aumentou para 27,6% no ano passado. Ou seja, cresceu o percentual de títulos que o governo precisa pagar no prazo de um ano.
Enchendo mais ainda os cofres dos bancos, que ganha grande quantidade de dinheiro sem nenhum esforço, pois não gera qualquer benefício para a população.

 

Divida bruta do governo geral equivale a quase 90% do PIB

É tão grande a irresponsabilidade do governo federal que a dívida bruta do governo geral cresceu 15% no ano passado, quando comparado com o saldo atualizado de 2019, atingindo a R$ 6,616 trilhões, equivalente a 88,83% do PIB (total de riquezas produzida por todos os segmentos que compõem a economia do Brasil).
Este dado mostra que o ministro da Economia, em vez de cuidar com profissionalismo desta importante pasta, ele se comporta igual alguém que resolve procurar um objeto perdido num barril de pólvora, com palito de fósforo acesso.
Outra falta de bom senso, apontada no estudo realizado pelo TCU, através do ministro Bruno Dantas, é o crescimento da dívida líquida do setor público, que em 2020 chegou a R$ 4,670 trilhões, ou seja, 63,02% do PIB.

 

Quase metade do dinheiro do Orçamento da União é usada para pagar especuladores

Todo ano a mesma novela se repete com o Orçamento da União que será usado no período de 12 meses. O problema é que a parcela de juros e amortizações da dívida, geralmente paga aos especuladores, sempre ultrapassa mais de R$ 1 trilhão. O governo, maldosamente, utiliza os novos empréstimos para encher os cofres dos banqueiros, em vez de financiar investimentos sociais.
Não precisa ser cientista social para verificar que o dinheiro usado para investimento social gera desenvolvimento econômico, aumentando a arrecadação, e contribuindo, portanto, para a própria capacidade de pagamento desta dívida, claro com taxas de juros mais baixas que as atuais, como ocorrem em alguns países desenvolvidos.
Mas para satisfazer o apetite dos banqueiros, o governo toma empréstimo somente para pagar juros, gerando novas dívidas, cujos juros terão de ser pagos com mais débito, provocando estagnação da economia, que por sua vez aumenta a parcela do orçamento destina ao pagamento de juros e amortizações.

 

Estouro de limite

A maior covardia que o governo comete contra os trabalhadores e maioria da população brasileira é mentir ao dizer que rola a dívida, quando na verdade, o que faz é uma troca de título antigos por novos, contabilizando grande parte do pagamento de juros (centenas de bilhões, valores suficientes para bancar a construções de inúmeros hospitais, creches, escolas, melhorias no saneamento básico, segurança pública, saúde) como se fosse rolagem.
É igual à pessoa que estourou o limite do cartão de crédito e escolheu pagar apenas o rotativo, e diz em casa que está quitando o débito com o banco, quando na verdade ele só paga os juros, pois o valor da dívida continua subindo, até se transformar numa bola de neve, impossibilitando que ela seja sanada de uma só vez.
Neste caso, para a empresa de cartão de crédito, é melhor que esse cidadão endividado continue no rotativo, por que o valor de sua dívida aumenta mês a mês, com juros sobre juros. Este exemplo mostra que o Brasil é quem está com este cartão de crédito e os banqueiros torcem para que essa dívida nunca seja zerada, pois eles ganham bilhões e até trilhão de reais somente com o pagamento de juros e amortização da dívida.

 

O trabalhador vive sufocado pelo pagamento de diversas taxas, que no prazo de um ano, chega consumir quantia razoável de dinheiro

Mesmo com o Banco Central determinando que os bancos devam fornecer pacote essencial de serviço, eles reajustaram suas tarifas acima da inflação, sucessivamente, nos últimos dez anos. Entre 2019 e 2020, o reajuste médio praticado nos pacotes de serviços foi de 6% e nas tarifas avulsas de 5,1%, três vezes a acumulada neste período, de 1,88%, segundo dados do IPCA (Índice de Preços Amplos ao Consumidor).
Receita de R$ 34,4 Bilhões – Por outro lado, os ganhos em escala obtida com a tecnologia na prestação de serviços não são repassados aos consumidores, mas as tarifas só aumentam. Só no primeiro trimestre de 2020, os bancos acumularam receita de R$ 34,4 bilhões com tarifas.
A cara de pau dos banqueiros é tão grande que o reajuste de preço de transferência entre contas da mesma instituição presencial em até 393% (Caixa – R$ 1,40 para R$ 6,90) e 342% (Banco do Brasil – de R$ 1,95 para R$ 6,85).

Pacotes de serviços – Juntos, os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú, Santander e Safra) oferecem 75 pacotes de serviços, incluindo os pacotes padronizados pelo Banco Central. Infelizmente, em 53% desses pacotes foram identificados reajustes com variação entre 2% (Bradesco) e 90% (Caixa).