Pacote de concessões a ser anunciado está ‘100% definido’, disse ministro. ‘Aperto’ do ajuste fiscal vai durar pelo menos até 2017, segundo ele.

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, afirmou nesta segunda-feira (1º) que uma “demanda reprimida” por serviços de infraestrutura vai ajudar a permitir uma retomada do nível de investimentos no país já no final de 2015 e, “sobretudo, a partir do ano que vem”. A declaração foi feita em evento sobre o ajuste fiscal realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

O ministro também defendeu o ajuste fiscal do governo e afirmou que ele precisa ser mais veloz no Brasil que em outros países – inclusive em relação aos vizinhos da América Latina – devido à alta taxa de juros, que ele definiu como um “remédio necessário para trazer a inflação ao centro da meta”.

“No Brasil, a taxa de juros paga na dívida pública do governo é muito alta em termos reais, por isso precisamos de um esforço fiscal mais rápido”, explicou o ministro.

Barbosa disse acreditar que a redução dos aportes aos bancos públicos ajuda a reduzir “implicitamente” essa taxa no Brasil, uma das principais condições para aumentar a produtividade no país, segundo o ministro.

Segundo ele, o aperto vai durar pelo menos até 2017, mas o governo trabalha com expectativa de recuperação até o fim do próximo ano.

Investimentos

A taxa de investimentos no país completou sete trimestres de queda e mantém o nível mais baixo entre os Brics – grupo de gigantes emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, que ostenta uma taxa em torno de 30%.

“Há uma demanda muito grande por serviços de infraestrutura no país, e essa demanda vai garantir o potencial desses investimentos. Por isso, mesmo com o nível de atividade [econômica] previsto para o próximo ano, a existência dessa demanda com os preços corretos garante esse crescimento”, disse.

Concessões de rodovias

Sobre o pacote de concessões em infraestrutura que deve ser anunciado pelo governo no dia 9 de junho, Barbosa afirmou que o programa já foi “100% definido” e que há vários interessados em participar das negociações, que devem incluir de 12 a 14 trechos de rodovias federais.

“Acho que o setor de construção civil tem toda a capacidade de atender a esses investimentos”, disse. Para o ministro, o realinhamento de preços antes regulados, como energia e combustíveis, também vai ajudar a recuperar a capacidade perdida dos investimentos.

Pedaladas fiscais

Barbosa voltou a defender que as chamadas “pedaladas fiscais” do governo não configuraram operações de crédito, como interpretou o Tribunal de Contas da União (TCU), mas sim como “operações de equalização de taxa de juros”.

Fonte: G1