A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostrou aumento do desemprego de 6,5%, no último trimestre de 2014 (e de 7,2% no primeiro trimestre do ano passado), para 7,9% no primeiro trimestre deste ano.

O levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem mais informações, e piores para os trabalhadores, do que as demais pesquisas da instituição sobre emprego. Além disso, ainda não foram percebidos, entre janeiro e março, os efeitos do aperto fiscal anunciado para 2015, cujos instrumentos legais começaram a ser aprovados pelo Congresso.

A população desocupada passou de 6,452 milhões, no último trimestre de 2014, para 7,934 milhões, no primeiro trimestre de 2015 (+23%). A diferença é elevada: quase 1,5 milhão de pessoas com idade igual ou superior a 14 anos procuraram emprego e não acharam. Mas também foi elevada na comparação com o primeiro trimestre de 2014. Ou seja, só em parte os fatores sazonais – maior atividade econômica e maior nível de emprego nos finais de ano – explicam a piora do emprego, que atingiu mais 885 mil pessoas em um ano.

O rendimento real habitual estagnou em relação a um ano atrás e foi apenas 0,8% superior ao do trimestre anterior, diminuindo em alguns Estados. Até em Brasília, onde se paga o maior salário médio do País, houve queda, de R$ 3.506,00, em 2012, para R$ 3.406,00, no primeiro trimestre de 2015. No Nordeste, o salário real caiu entre 2014 e 2015.

O nível de ocupação caiu para 56,2% neste ano, de 56,9% no último trimestre de 2014 e 56,8% em igual trimestre de 2014. A Pnad revela grandes diferenças entre as áreas pesquisadas. A desocupação em Santa Catarina, por exemplo, foi de apenas 3,9% no primeiro trimestre, menos da metade da média do País. Mas superou 11% no Rio Grande do Norte, Alagoas e Bahia. Em São Paulo e Minas, com 8,5% e 8,2%, foi maior que a média nacional.

A manutenção do emprego é essencial para o trabalhador e para o empregador, que evita demitir, incorrendo em custos, pois poderá ter de recontratar depois. A questão central é a duração da estagnação, expressiva desde 2014 e agravada neste ano, sem prazo para terminar. Por isso, as tendências reveladas pela Pnad Contínua são preocupantes. A maré baixa das atividades que enfraquece a produção e a demanda poderá se estender até 2016 – reduzindo por bem mais tempo a ocupação da mão de obra.

Fonte: O Estado de S.Paulo