Terminada a temporada de acesso fácil aos recursos públicos, por meio do recebimento de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajusta-se à realidade de crédito mais curto, reduzindo expressivamente o ritmo de suas operações.
Em 12 meses, até agosto, o volume de desembolsos foi 14% inferior ao dos 12 meses precedentes, atingindo R$ 159,9 bilhões. Na comparação entre os primeiros oito meses de 2014 e de 2015, a queda dos desembolsos alcançou 25%, atingindo R$ 85 bilhões, segundo o último Relatório de Desempenho da instituição de fomento.
Dados mais recentes, divulgados na nota de crédito e política monetária do Banco Central, registram que os créditos do BNDES às pessoas jurídicas caíram 20,4% em 12 meses e 28,2% entre os períodos de janeiro e setembro de 2014 e de 2015. Comparando apenas setembro de 2014 e setembro de 2015, a queda foi de 43%, de R$ 15 bilhões para R$ 8,5 bilhões.
Houve mais, portanto, do que o anúncio de corte de R$ 30 bilhões no limite de empréstimos do Programa de Sustentação do Investimento, anunciado pelo Conselho Monetário Nacional. A redução das operações foi ampla.
Entre os primeiros oito meses de 2014 e de 2015, as consultas ao BNDES, primeira etapa das operações do banco, cederam 49%. Caíram ainda mais (52%) os enquadramentos, enquanto as aprovações mostraram redução de 45%, para R$ 64,5 bilhões. Esta é a última etapa antes dos desembolsos, que poderão demorar mais do que os tomadores esperam.
Os números em declínio se devem não só à redução dos recursos do BNDES, mas à pouca disposição das empresas de investir, por causa do ambiente recessivo e das incertezas quanto ao comportamento futuro da economia brasileira. Trata-se de uma situação preocupante, levando-se em conta que o BNDES é o maior fornecedor de recursos de longo prazo para investimentos.
Os desembolsos à agropecuária foram os que menos caíram (8%) nos últimos 12 meses, mas sua participação nas operações do banco é de 10,8%, inferior à da infraestrutura (37,3%), da indústria (29,6%) e do comércio e serviços (22,3%). Na infraestrutura, em que a carência de investimentos é aguda, os desembolsos caíram 10%.
Pelo critério de porte, as empresas médias receberam menos recursos. Entre os setores, os desembolsos caíram mais em química e petroquímica e telecomunicações.