Diretora
do Departamento de Higiene fala sobre a prevenção à dengue |
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Rogério
Gaspar (da Redação do Informequim)
Regina Lúcia Laudari é diretora do Departamento de Higiene
e Prevenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de
Guarulhos. À frente do departamento desde 15 de Janeiro
de 2001, em entrevista ao Informequim, ela nos conta o
que a prefeitura vem fazendo nesse período para combater
o mosquito e como a população pode ajudar.
Informequim- A prefeitura de Guarulhos já tinha algum
projeto de combate à dengue ou este projeto foi criado
após o surgimento dos primeiros casos?
Regina Lúcia Laudari - Desde 1998, até 97 acredito,
que os municípios todos têm recebido recursos, através
do Programa de Erradicação do Aedes (aegypti), para fazerem
as atividades para erradicar o mosquito. Através do Ministério
da Saúde e também da Superintendência de Controle de Endemias
do Estado de São Paulo, esse programa de erradicação do
aedes já estava sendo desenvolvido pelos municípios. Alguns
desenvolveram mais, outros desenvolveram menos.
Em Guarulhos desde 1990, 2000, que esses recursos do ministério
foram aplicados pelo município através da contratação
de agentes de controle de vetores, na compra de viaturas
e começou-se a trabalhar nas áreas de risco para identificação
e controle do mosquito. Existiam poucos mosquitos na época,
mas trabalhava-se para que continuasse sem o aedes aegypti.
No ano passado, 2001, aumentou a infestação em vários
municípios. E nós aqui em Guarulhos conseguimos ter poucos
casos. Nós tivemos 11 casos que as pessoas se infectaram
aqui mesmo e mais 46 importados, totalizando 57 casos.
E nesses 11 casos que as pessoas se infectaram aqui, foi
no bairro de Cumbica. E nós acreditamos que foi por conta
das transportadoras.
Não é que elas são as culpadas especificamente. Mas todo
o tráfico de caminhões, a rodovia Presidente Dutra, a
Fernão Dias e as demais. O mosquito vem. E ele vem de
várias formas: primeiro ele vôa, uns cem metros sozinho,
sem interferência. Depois com o vento ele acaba sendo
transportado mais longe. Se ele vem no caminhão, ou dentro
da cabine, ele anda quilômetros, ele é transportado a
distâncias maiores.
Informequim – E como se dá a infestação?
Você tem o mosquito fêmea que faz o depósito do ovo nas
paredes de qualquer recipiente, de preferência em local
escuro na sombra. Quando esse ovo encontra a água, ele
eclode, ou seja, ele se transforma em larva, em pupa e
em alado e ai você tem o começo de infestação. E nós não
tínhamos antes, então todos os pontos que nós detectamos
o mosquito aedes aegypti, eram aqueles que pelo estudo
epidemiológico nós achávamos que poderia aparecer.
Todas as semanas nós voltamos aos mesmos locais, se encontrarmos
um, vamos tratar aquele foco, encontra-se outro, vamos
tratar o outro. Mas os mosquitos voam e você acaba tendo
uma infestação maior.
E não adianta Guarulhos trabalhar direito se os municípios
vizinhos não trabalham, porque o mosquito não vê barreiras.
Com o número de casos em Minas, nós temos a rodovia Fernão
Dias, com casos no Rio de Janeiro. E já no ano passado
houve uma epidemia muito importante em Santos, em toda
a baixada santista, e com isso vem mosquito em porta-malas
de carro.
Porém se o mosquito não encontrar condições de botar os
ovos, depois de 30 dias ele morre. Agora, se ele encontrar
condições para botar o ovo que fica viável por um ano,
a infestação pode acontecer. Sendo assim, muitas vezes
a infestação maior que estamos tendo hoje, podem ser de
ovos que foram depositados pelas fêmeas, ano passado.
Informequim – E quanto tempo demora esta incubação,
do momento em que o ovo encontra a água, até, ele virar
mosquito?
Regina Lúcia Laudari – Em torno de 7 dias, e é por
isso que as campanhas pedem a limpeza dos recipientes
ao menos uma vez por semana. E ai não é só a limpeza da
água, não é só trocar a água. É trocar a água e limpar
o recipiente, ou jogar fora se você não for reutilizar
o recipiente. E se for algo que você não vai jogar fora,
como um vaso de flores, é preciso limpar toda semana por
que aí você tira o ovo de lá.
Informequim – Então, não adianta só trocar a água?
Regina Lúcia Laudari – Não, pois neste caso você só
estará renovando a água para o mosquito. No caso dos pratos
para plantas, por exemplo, as pessoas costumam colocar
um pouco de areia no fundo, mas isso também não adianta,
é necessário cobrir todo o prato com areia, ele tem que
ficar completamente coberto, sem nenhuma possibilidade
de empossar água. Se ficar água por cima da areia, ovo
se desenvolve.
Informequim – E qual é o número de casos de dengue
em Guarulhos?
Regina Lúcia Laudari – Os últimos números que eu tenho
são de 21 de março às 18h30min (a entrevista foi realizada
no dia 23/03). Nós temos em Guarulhos 73 casos no total,
57 importados, 14 daqui e dois que ainda estão em investigação.
Nenhum de dengue hemorrágica, graças a Deus.
Informequim – E quanto vem sendo investido neste ano
contra a dengue?
Regina Lúcia Laudari – Nós temos um investimento que
vem desde o ano passado pelo Fundo Municipal de Saúde
e foi aplicado na contratação de 100 agentes de controle
de vetores, 10 inspetores de agentes de controle de vetores,
mais três educadoras de saúde pública. Temos as viaturas
que já haviam sido compradas em 2000, agora neste ano,
em 25 de janeiro de 2002 recebemos do Ministério da Saúde
mais cinco viaturas . Fizemos três arrastões de limpeza.
E o mais importante deste trabalho todo é o trabalho de
rotina. Que é visitando as pessoas, casa a casa, retornando
depois de um mês para ver se ela continua sem ter o criadouro
ou larva do aedes aegypti. A estimativa de valor por ano,
só do pessoal, é de R$ 500 mil. Fora maquinário, viatura,
gasolina e todo o gasto com divulgação. |
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