Prejuízo da Via Varejo, empresa de eletroeletrônicos do Grupo Pão de Açúcar, veio maior do que o esperado pelo mercado; resultado foi consequência da queda de vendas e da menor diluição das despesas fixas e relacionadas com a reestruturação da companhia
A Via Varejo, empresa de eletroeletrônicos do Grupo Pão de Açúcar (GPA), encerrou o terceiro trimestre de 2015 com prejuízo líquido de R$ 46 milhões ante lucro líquido de R$ 216 milhões apurado no mesmo intervalo do ano passado.
No seu release de resultados, a empresa explica que a redução do lucro líquido no período foi consequência principalmente da queda de vendas e menor diluição das despesas fixas e despesas relacionadas com a reestruturação da companhia.
O prejuízo ficou maior do que o esperado por analistas de mercado. A perda foi 16% superior à média das estimativas de oito instituições financeiras consultadas pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado: Bradesco, BTG Pactual, Citi, Credit Suisse, Deutsche Bank, Itaú BBA, JPMorgan e Votorantim Corretora. Especialistas esperavam um prejuízo de R$ 39,4 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 45 milhões entre julho e setembro, uma queda de 91,3% ante o registrado no mesmo período do ano passado.
A receita líquida da empresa totalizou R$ 4,095 bilhões entre julho e setembro, com queda de 22,7% na comparação anual. O resultado financeiro no trimestre ficou negativo em R$ 69 milhões, ante resultado financeiro negativo de R$ 147 milhões registrado um ano antes.
Demissões. A Via Varejo reportou redução de aproximadamente 11 mil postos de trabalho no acumulado de 2015, sendo que cerca de seis mil funcionários foram demitidos apenas no terceiro trimestre de 2015. Em sua divulgação de resultados, a companhia informou que encerrou o trimestre com 55.641 colaboradores, incluindo os que trabalham na fabricante de móveis Bartira.
As demissões são parte de um processo de redução de despesas operacionais na companhia, dona do Pontofrio e das Casas Bahia. A empresa já havia anunciado que fechou 31 lojas com altos custos operacionais ao longo do terceiro trimestre e informou ainda que foram fechados um centro de distribuição e 5 entrepostos, com o objetivo de otimização da malha logística. Segundo a empresa, houve ainda a renegociação de aproximadamente 40% do total dos contratos de aluguel.
“A companhia intensificou a implementação das medidas de redução de custos iniciadas no segundo trimestre de 2015, afim de adequar a estrutura de custos para o atual patamar de vendas e mitigar a pressão inflacionária e menor diluição de despesas fixas”, afirmou a Via Varejo em sua divulgação de resultados.
Apesar dos cortes, o total de despesas operacionais da Via Varejo subiu no trimestre em razão de despesas extraordinárias com sua reestruturação. Foram R$ 119 milhões a mais relacionados às mudanças na estrutura da companhia. Com isso, o total de despesas operacionais chegou a R$ 1,314 bilhão entre julho e setembro, aumento de 6,8% na comparação com os mesmos meses de 2014.
Sem esse efeito extraordinário, porém, a empresa teria reduzido as despesas em 1,5% na comparação anual. “Vale ressaltar que as economias com as iniciativas de redução de custo ainda não foram integralmente capturadas durante o trimestre”, afirmou a Via Varejo.
A companhia ainda informou que as despesas relacionadas à reestruturação afetaram o resultado líquido, resultando num prejuízo de R$ 46 milhões no terceiro trimestre. Se esse efeito fosse desconsiderado, a companhia teria apurado um lucro líquido de R$ 33 milhões, resultado que ainda é 85,7% inferior ao lucro líquido ajustado do terceiro trimestre de 2014.