Parte das unidades da Universidade de São Paulo (USP) passará a usar o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) como alternativa ao seu vestibular, para preenchimento das vagas para estudantes ingressantes na instituição.
A medida, aprovada na terça-feira (23) pelo conselho universitário, passa a valer já para a seleção de alunos das turmas de 2016. As unidades que adotarão a medida reservarão 13,5% das vagas para ser preenchidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, que leva em conta as notas obtidas pelos alunos no Enem.
As faculdades de Medicina e de Economia e Administração e a Politécnica estão entre as unidades que não adotaram o novo modelo de ingresso com base no Enem. Também não vão adotar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a Escola de Engenharia de São Carlos, o Instituto de Física (SP), o Instituto de Química de São Carlos, a Faculdade de Odontologia (SP). Além dessas, a Escola de Comunicações e Artes (ECA), a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e o Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (IAU) não vão aderir ao Sisu.
Como o sistema do Ministério da Educação apresenta a classificação dos candidatos a partir de critérios diferentes, como AC (ampla concorrência), EP (candidatos que, independentemente de renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas), e PPI (candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que, independentemente da renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas) – as unidades da USP decidiram usar o mesmo critério para cada forma de classificação.
O critério EP será aplicado pela maior parte dos cursos. Outra parte decidiu usar o AC e uma minoria pelo critério PPI. Apesar de 14 cursos usar o PPI, um número considerado pequeno, é a primeira vez que a USP utilizará uma seleção baseada no critério racial.
“É um começo, eu acho que para quem não tinha nenhuma, é bastante. Na visão daqueles que têm uma expectativa de uma oferta muito mais ampla, ainda é pouco, de tal maneira que é sempre assim na universidade, foi assim aqui no conselho, alguns consideraram as medidas insuficientes e outros consideraram bastante avançadas”, disse o reitor da USP, Marco Antônio Zago.
A diretora do Diretório-Geral dos Estudantes (DCE) , Marcela Carbone, criticou a decisão do Conselho Universitário e reivindicou adoção de cotas raciais na mesma proporção que pretos, pardos e indígenas estão representados na população.
“Colocaram essa proposta de hoje como uma forma de desviar, de fazer a gente não discutir cotas raciais aqui na USP. A gente ficou bastante indignada. A maior parte das unidades que contemplam os PPI está com os campi mais precarizados dentro da universidade. Mais uma vez, os negros ficaram com o polo mais precarizado”, disse.
Das 11.057 vagas dos cursos da USP para 2016, 225 estão reservadas para alunos PPI selecionados pelo Sisu. A forma como cada a faculdade vai selecionar seus calouros pode ser acessada no endereço http://www.usp.br/imprensa/wp-content/uploads/Cursos_Sisu_USP.pdf.