Candidato da oposição reconheceu a derrota e felicitou Alexis Tsipras. Tsipras foi eleito primeiro-ministro em janeiro, mas renunciou em agosto.
O partido de esquerda Syriza, de Alexis Tsipras, venceu as eleições deste domingo (20) na Grécia, informou a agência Reuters, derrotando o conservador Nova Democracia. O líder do partido já havia sido eleito em janeiro, mas renunciou ao cargo de primeiro-ministro em agosto após o Syriza ter se dividido nas negociações para receber ajuda financeira da Europa em meio à crise no país e riscos de sua saída da zona do euro.
“Eu quero agradecer a todos vocês do fundo do meu coração por essa grande vitória – uma vitória do povo”, disse Tsipras em sua conta no Twitter após o resultado. “Hoje, a Grécia e o povo grego são sinônimos de orgulho e perseverança”, afirmou ele , acrescentando que “esta vitória pertence às classes trabalhadoras”.
Tsipras fez um discurso na praça central de Atenas. “Na Europa hoje, a Grécia e o povo grego são sinônimos de resistência e dignidade e essa luta continuará por mais quatro anos”, afirmou. “Temos dificuldades à frente, mas estamos em terreno sólido”, acrescentou. “Não vamos nos recuperar desses problemas por magia, mas com trabalho duro.”
O líder conservador grego Evangelos Meimarakis reconheceu sua derrota nas legislativas. “O resultado eleitoral parece se consolidar com Syriza e o senhor Tsipras na liderança. Eu o parabenizo e peço que crie logo o governo que é necessário”, disse.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, felicitou Tsipras pelo resultado no Twitter. “Parabenizo Alexis Tsipras, ansioso pela formação rápida de um novo governo com mandato forte para continuar o processo de reforma”, escreveu. “Estou pronto para trabalhar em estreita colaboração com as autoridades gregas e continuar acompanhando a Grécia em seus esforços para a ambiciosa reforma”, acrescentou Dijsselbloem.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também parabenizou Tsipras pela vitória. “Acabo de felicitar Alexis Tsipras pela vitória do Syriza nas eleições gregas. Agora é necessário um governo sólido, rapidamente”, escreveu no Twitter.
Formação de um novo governo
O ministro do Interior disse que o resultado das urnas garantirá 144 assentos no parlamento (que tem 300 cadeiras), cinco a menos do que quando o Syriza chegou ao poder pela primeira vez no início do ano.
A União Europeia e o FMI exigiam que a Grécia implementasse, em troca de ajuda econômica, medidas de aperto duramente criticadas por Tsipras em sua campanha eleitoral no início do ano. Entre essas medidas estavam ajustes no sistema de aposentadoria e aumento de impostos.
Eleito com a promessa de acabar com medidas de austeridade, ele acabou cedendo à pressão da União Europeia e aceitou adotar medidas de austeridade – mesmo após o referendo realizado em julho, em que 61% dos gregos se mostraram contra a aceitação do acordo.
Tsipras aceitou o acordo com a União Europeia após várias semanas de negociação, quando incertezas agravaram a crise no país após o não pagamento da parcela de uma dívida com o FMI. Para evitar que os gregos, assustados com a crise, corressem aos caixas eletrônicos para retirar seu dinheiro e acabassem quebrando as instituições, os bancos ficaram fechados por dias. A dívida com o FMI foi paga após um empréstimo-ponte de € 7,16 bilhões acertados na semana passada junto ao Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (EFSM).
Após aceitar o acordo, Tsipras afirmou que assinou um texto no qual não acreditava para evitar um desastre. “Assumo mais responsabilidades por qualquer erro que eu possa ter cometido. Assumo minha responsabilidade pelo texto em que eu não acredito, mas que assinei para evitar um desastre para o país”, declarou Tsipras à TV pública grega ERT em julho.
Mais de vinte deputados abandonaram a base de Tsipras, segundo a Reuters, muitos deles dizendo que o primeiro-ministro traiu seus princípios.
Com exceção do Aurora Dourada e do partido comunista KKE, os principais partidos no novo parlamento concordam com o acordo que mantém a Grécia na zona do euro.
“Depois de anos em uma crise quase sem precedentes, a vasta maioria dos gregos estão apoiando partidos que prometem manter o país na zona do euro, mesmo que isso implique em completas e dolorosas reformas”, disse Holger Schmieding, economista-chefe do banco Berenberg da Alemanha, segundo a Reuters.