Em Santa Catarina, taxa de desemprego é metade da média nacional, mas, na construção civil, há temores em relação ao futuro
Em meio ao aumento generalizado do desemprego no País, o Estado de Santa Catarina vive uma situação um pouco mais tranquila. Enquanto a taxa de desemprego brasileira atingiu 8,9% no terceiro trimestre, o índice catarinense ficou em 4,4%, o menor do País. O que não quer dizer, porém, que não exista preocupação.
A construção civil, por exemplo, um dos setores que mais empregam no Estado, tem visto uma crescente redução do número de vagas. E as empresas se preocupam até com um eventual “apagão” de mão de obra, segundo a economista Ludmilla Custódio, ligada ao Sindicato da Indústria da Construção Civil na Grande Florianópolis (Sinduscon). “Os trabalhadores do setor não vão ficar esperando as vagas reaparecerem e tendem a migrar para outros Estados ou mesmo buscar emprego em outros setores”, disse.
“Neste ano, até o momento, tivemos na Grande Florianópolis 4.268 admissões e 4.322 demissões. Isso significa que foram extintas 54 vagas. E a expectativa do setor é de que o extermínio de vagas aumente bastante até o fim de 2015”, diz Ludmilla. No Estado todo, a perda em 2014 foi de 841 vagas. Agora, esse número disparou. “No acumulado, já foram destruídas 2.575 postos no Estado todo apenas em 2015, enquanto em 2010, no ápice do emprego no setor, haviam sido criadas 8.640 vagas.”
A preocupação está respaldada ainda em outra constatação importante. Santa Catarina, na visão da economista, apresenta números inferiores de desemprego em relação ao restante do País porque o Estado não teve grandes obras de infraestrutura previstas no PAC do governo federal, tampouco obras relativas à Copa do Mundo de 2014, que impulsionou o setor de construção civil, mas terminou com um grande contingente de desempregados.
Serviços. O setor de serviços no Estado, impulsionado pela demanda no turismo, tem tradicionalmente aumento no número de postos de trabalho às vésperas da temporada de verão. Contudo, são empregos temporários, em geral sem carteira assinada. De qualquer forma, com a alta do dólar, há expectativa de um verão mais movimentado em 2016 do que na temporada passada.
Muita gente se agarra nisso. O segurança Rafael Guarda Pinheiro, de 23 anos, vivia de bico até o nascimento do primeiro filho, Pedro, de oito meses. Sem perspectivas de emprego fixo em Florianópolis, há um mês arranjou emprego em uma pousada de Bombinhas, a cerca de 70 quilômetros da capital. “Foi bom, mas também ruim, porque ele já está há três semanas sem conseguir folga pra voltar para casa”, disse sua mulher, Jéssica Pamela Ferreira, de 23 anos. “Lá ele tem acumulado funções: barman, garçom e auxiliar de cozinha.”
Jéssica é costureira e está desempregada há quase dois anos. “Nunca fiquei tanto tempo sem trabalhar”, diz ela. “A coisa tá feia para todo mundo, mesmo para quem tem formação superior.” Ela conseguiu uma entrevista de emprego para amanhã. “Mas é na área de telemarketing… Fazer o quê? Torcer para dar certo.”