Livro analisa o papel planejador do Estado, demonizado por décadas, que será fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico e social

O livro A volta do Estado planejador: neoliberalismo em xeque é prefaciado pelo economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo e capítulos de nomes importantes da política e da economia, como Aloizio Mercadante, André Lara Resende, João Sicsú, José Sergio Gabrielli, Juliane Furno, Juliano Medeiros, Paulo Kliass, Walter Sorrentino e William Nozaki.

Reabilitação do Estado

De acordo com o jornalista, o título da obra também rebate a noção deturpada sobre Estado mínimo que, inclusive, não tem a ver com os fundamentos do liberalismo clássico. “O livro busca mostrar que não existe organização ampla e social sem Estado. A tentativa de se montar essa ideia de Estado mínimo é suicida, deslocando serviços essenciais para a iniciativa privada. O fornecimento de energia é um exemplo. São lucros sem concorrência, porque você não escolhe qual a prestadora de serviço, por isso é um monopólio natural que o Estado deveria gerir”, explica.

 

O objetivo do livro, segundo Maringoni, não é “eliminar” a iniciativa privada, mas mostrar que o Estado é responsável por ações para todos, enquanto o mercado busca seus próprios ganhos. “O desenvolvimento das vacinas é um excelente exemplo. Imagina se a Fiocruz e o Instituto Butantan, órgãos públicos, não planejassem a vacinação?”, questiona. “Não existe investimento privado que supre os investimentos públicos. Os governos de Temer e Bolsonaro desmontaram a estrutura do Estado e comprometeram nosso futuro. Eles desmontaram o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investe em projetos da atividade produtiva. Sem isso, não há desenvolvimento”, criticou.

A reação ao fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter colocado em pauta o debate sobre a revogação parcial da reforma trabalhista, como ocorreu na Espanha, mostra que existe um segmento que vai continuar questionando o papel do Estado como garantidor de direitos, e que encontra voz na mídia tradicional. “A grande imprensa está batendo pesado em quem coloca os problemas sociais como prioridade”, diz Maringoni. (RBA)