Pesquisa mostra que classe média encolheu em 2015, diz Jornal Nacional.
Outras 914 mil famílias passaram a fazer parte das classes mais baixas.

O padrão de vida piorou para 1 milhão de famílias da classe média no ano passado, mostrou uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Jornal Nacional.

Para avaliar as mudanças na chamada “pirâmide social”, dividida em seis classes, o estudo levou em conta a quantidade de bens, o tempo de escolaridade e o acesso a serviços públicos. No ano passado, os pesquisadores descobriram que caiu o padrão de vida de 1 milhão de famílias que estavam nas classes B1, B2 e C1, o meio da pirâmide.

Ao mesmo tempo, mostrou a Abep, aumentou o número de brasileiros nas classes mais pobres: 914 mil famílias passaram a fazer parte das classes mais baixas (C2, D e E), em que a renda média varia entre R$ 768 e R$ 1,625.

Para Luís Pilli, diretor da Abep, a pesquisa não aponta que houve um retrocesso, mas que ele não leva a sociedade “lá para trás”. “Aconteceu até mais rápido do que a gente esperava, o que indica que existe um movimento realmente profundo acontecendo na economia pra provocar isso em tão pouco tempo”.

“Quando o mercado de trabalho vai mau, afeta as duas coisas: tem menos gente trabalhando e as pessoas que trabalham estão ganhando menos e não consegue recompor a inflação”, disse ao JN o economista da FGV-RJ, Armando Castelar. Para ele, as pessoas vão continuar procurando bico, fazendo com que o rendimento caia.

O pesquisador do Ipea José Ronaldo de Castro Souza disse ao JN acreditar que esse ciclo tem fim. “Os ciclos econômicos vão e vêm. Tem um momento ruim, mas depois acaba tendo uma recuperação. Quando essa recuperação vai acontecer é que é o problema. Qual a margem da recuperação? Quanto tempo vai demorar pra gente repor aquela perda de renda que a gente já teve?”, questiona.