O grande número de pessoas não vacinadas contra a febre amarela em áreas com ecossistema favorável ao vírus representa alto risco de mudança do nível de transmissão da doença, diz um comunicado da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta segunda-feira (22).

Desde julho do ano passado, o Ministério da Saúde contabiliza 35 pacientes com a doença, com 20 mortes.

A situação mais crítica é a de São Paulo. Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) confirmou 41 novos casos — o total, desde o início de 2017, chega a 81. Considerando levantamento desde janeiro de 2017 até hoje, as mortes só no Estado chegam a 36, segundo balanço divulgado no fim de semana pela Secretaria Estadual de Saúde.

Para bloquear o vírus, o ministério lançou campanha que pretende imunizar, em menos de 50 dias, 21,8 milhões de pessoas no Rio, em São Paulo e na Bahia.

Para a OMS, a medida deve limitar o avanço da doença, mas é possível prever percalços.

“É importante notar que, devido à sua escala e alcance, esta campanha de vacinação em massa provavelmente será caracterizada por desafios logísticos significativos”, diz o texto.

O comunicado afirma, ainda, que o grande número de mortes de macacos por febre amarela no país, especialmente em São Paulo, indica um alto nível de concentração do vírus em ecossistemas favoráveis à transmissão. Para a entidade, esse dado é especialmente preocupante quando as mortes acontecem perto de grandes cidades como a capital paulista.

A cidade não tem casos humanos da doença, mas registrou mortes de macacos em áreas como o Horto Florestal (zona norte) — todas as 17 famílias de bugios foram exterminadas.

O texto da OMS cita também o caso do vírus “exportado” para a Holanda no início de janeiro e informa que o paciente chegou ao país após passar por Mairiporã e Atibaia, duas cidades com circulação do vírus no Estado. Ele passa bem.

A entidade mantém a recomendação de vacina a todos os viajantes internacionais com destino a qualquer área do Estado de São Paulo.

Governo reage

Em nota, o Ministério da Saúde se pronunciou sobre o alerta da OMS e diz que preocupação do organismo só reforça que a campanha de vacinação em massa, como está sendo feita, deve limitar a transmissão da doença. A seguir, o texto do ministério na íntegra:

“O Ministério da Saúde esclarece que a nota da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgada nesta segunda-feira (22) reforça que a campanha de vacinação em massa contra a febre amarela, incluindo doses padrão (0,5 ml) e fracionadas (0,1 ml), deve efetivamente limitar a transmissão da febre amarela. A ação é necessária frente ao surgimento de novas áreas de risco detectadas pela atividade do vírus em área silvestre. Ainda reforça que, até o momento, não há qualquer evidência de que o mosquito Aedes aegypti, presente em zonas urbanas, esteja envolvido na transmissão.

Dessa forma, a pasta mantém a estratégia de vacinação fracionada em áreas selecionadas.  A determinação dessas áreas foi feita de acordo o acompanhamento da circulação do vírus, baseada no mapeamento epidemiológico dessas regiões, que é atualizado conforme as necessidades. A vacinação está sendo realizada de forma preventiva nas áreas com risco de infecção pela doença.”

FONTE: Valor Econômico