O Brasil passa por profundas transformações econômicas, institucionais, sociais e políticas que ameaçam a soberania do País e submetem a economia ao interesse do capital internacional. Um caso único de desnacionalização entre as dez maiores economias do mundo!

Destrói-se a perspectiva de construção de um projeto de desenvolvimento nacional em que um Estado forte articularia, coordenaria e incentivaria o aumento da capacidade produtiva nacional de empresas robustas e integradas ao mercado internacional, investiria na educação da população, alicerçado pela democracia e por instituições vigorosas, conduzido pela justiça e pelo diálogo social. A geração de empregos de qualidade e o crescimento dos salários, resultantes do incremento da produtividade e de um mercado interno de consumo forte, estão cada vez mais subordinados aos interesses da riqueza, do capital financeiro e dos fundos de investimento.

A reforma trabalhista é parte do projeto de venda e entrega dos ativos naturais brasileiros (água, minérios, florestas, terras, petróleo etc.), das empresas publicas e privadas, dos serviços públicos, espaço aéreo etc. Ajusta-se o custo da força de trabalho, flexibilizando os contratos, salários e direitos. Os Sindicatos serão quebrados, os trabalhadores submetidos aos empregadores, o acesso à Justiça limitado ou impedido, tudo com ampla segurança jurídica às empresas.

Mais uma vez, os trabalhadores precisarão dos Sindicatos como instrumento que coloca a classe em movimento e luta. Por isso, as campanhas salariais, ação sindical permanente, precisarão ser radicalmente repensadas, reposicionando a centralidade dessas questões, em um contexto adverso, de alto desemprego e baixíssimo crescimento. As campanhas salariais terão que ser muito bem planejadas, considerando o contexto geral e o específico de cada setor, ou seja, será preciso ampliar a capacidade de analisar conjunturas. Dessa maneira, as campanhas salariais terão como desafio:

• Conhecer profundamente o contexto especifico em que cada campanha se desenvolverá (empresa e setor) e situá-lo no ambiente geral da economia.

• Indicar como um projeto nacional de desenvolvimento se materializa no contexto em que se insere a categoria, respondendo como gerar empregos de qualidade e crescimento dos salários.

• Conhecer as tendências dos investimentos, do emprego e dos salários, aqui e no mundo, no setor e nas empresas.

• Identificar e articular agendas sindicais unitárias, investindo em novos processos de negociação e de articulação da ação sindical conjunta.

• Elaborar agendas de resistência à retirada de direitos, ao arrocho salarial, à flexibilização dos contratos de trabalho, à desproteção etc.

• Criar mecanismos de ampliação da presença sindical no chão da empresa e reinventar as formas de organização.
O jogo social, que está nas campanhas salariais, continua agora com novas regras, que terão que ser questionadas e disputadas, como parte da peleja. No jogo social, nada é definitivo e tudo pode ser mudado. Por isso, é preciso resistir e mudar para avançar!

Será preciso responder a esses desafios como parte de um projeto sindical mais amplo, que renovará organizações e estruturas, para recolocar os trabalhadores no centro da disputa por um projeto nacional de desenvolvimento. Cada campanha deverá ser pensada como uma oportunidade única para fazer vencer o projeto pelo qual a classe trabalhadora se coloca em movimento.