Previsões de inflação subiram após o BC ter mantido juros estáveis.
Analistas dos bancos deixaram de prever novas altas dos juros neste ano.
Os economistas das instituições financeiras pioraram novamente suas previsões para o comportamento da inflação e para o desempenho da economia brasileira neste ano e em 2017. Os dados são do boletim Focus, pesquisa feita pelo Banco Central junto a mais de cem bancos, divulgado nesta segunda-feira (1º).
Para 2016, a expectativa dos economistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, subiu de 7,23% para 7,26% no quinto aumento seguido. Com isso, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas do ano que vem e bem distante do objetivo central de 4,5%.
Para 2017, a estimativa do mercado financeiro para a inflação passou de 5,65% para 5,80%. Com isso, a se distanciou da meta central de 4,5% do ano que vem e se aproximou do teto de 6% do regime de metas para o período. Foi a terceira elevação seguida da previsão para 2017.
O aumento das expectativas dos analistas das instituições financeiras para a inflação aconteceu com mais intensidade após o Banco Central manter a taxa básica de juros estável em 14,25% ao ano – o maior patamar em quase dez anos – em meados de janeiro.
Até poucos dias antes da reunião do Copom, que manteve os juros, o BC indicava que subiria a taxa Selic para tentar controlar a inflação, mas depois acabou deixando-a inalterada alegando baixo nível de atividade no Brasil e no mundo. Analistas que apontam que o BC sucumbiu a pressões políticas.
A autoridade monetária tem informado que buscará “circunscrever” o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 (ou seja, trazer a taxa para até 6,5%) e, também, fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017. O mercado financeiro, porém, ainda não acredita que isso acontecerá.
Produto Interno Bruto
Para o PIB de 2016, o mercado financeiro passou a prever uma contração de 3,01% na semana passada, contra uma retração de 3% estimada na semana anterior. Foi a segunda piora seguida do indicador.
Como o mercado segue estimando “encolhimento” do PIB em 2015, se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem início em 1948.
Para o comportamento do PIB em 2017, os economistas das instituições financeiras mostraram mais pessimismo e baixaram a previsão de crescimento de 0,8% para 0,7% na semana passada – também na segunda queda consecutiva da previsão.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Na semana retrasada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a piora de suas estimativas e passou a prever uma contração de 3,5% para o PIB brasileiro neste ano e um crescimento zero para 2017.
Taxa de juros
O mercado financeiro reduziu sua estimativa para a taxa básica da economia no final deste ano de 14,64% para 14,25% ao ano – atual patamar da taxa Selic. Isso quer dizer que os analistas deixaram de acreditar em uma nova alta dos juros no decorrer de 2016.
Já para o fechamento de 2017, a estimativa para a taxa de juros ficou estável em 12,75% ao ano – o que pressupõe queda dos juros no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 subiu de R$ 4,30 para R$ 4,35. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar permaneceu em R$ 4,40.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2016 subiu de US$ 37,45 bilhões para US$ 37,90 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a previsão de superávit ficou estável em US$ 40 bilhões.
Para 2016, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficou inalterada em US$ 55 bilhões e, para 2017, a estimativa dos analistas permaneceu em US$ 60 bilhões.