Quatro anos depois de conseguir salvar a Furp (Fundação Para o Remédio Popular) das garras do ex-governador João Doria, que ameaçava a todo o custo extingui-la, o deputado Márcio Nakashima (PDT) prepara-se para novo enfrentamento ao governo de SP, agora sob o comando de Tarcísio de Freitas, caso seja confirmado o plano de privatização que vem sendo arquitetado nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes.


Ao tomar conhecimento sobre o assunto, que teria sido discutido no dia 1º de abril, durante um jantar entre o governador e cerca de 40 deputados da base aliada na Assembleia Legislativa de SP, Nakashima encaminhou ao governo requerimento com pedido de informações sobre a proposta de privatização, medida que, segundo ele, pode acarretar em grandes perdas para a população. “Existem medicamentos que somente a Furp produz, pois não há interesse comercial na fabricação por outros laboratórios devido ao baixo retorno financeiro, o que obrigará o Estado a comprar de indústrias farmacêuticas privadas todos os remédios que deixarão de ser produzidos pela Furp”, avalia.


Márcio Nakashima reafirma seu posicionamento contrário à privatização da Furp, em defesa dos trabalhadores e do remédio popular. “Não podemos permitir mais esse ataque ao maior laboratório público de medicamentos da América Latina. Defendemos uma política de valorização para que a Furp possa continuar exercendo plenamente a sua função de prestar assistência farmacêutica ao SUS, desenvolvendo, produzindo e distribuindo medicamentos de qualidade com baixo custo à população, além de gerar importante economia aos cofres públicos”.

Durante pandemia, deputado foi à Justiça em defesa do laboratório

Em meio à pandemia da Covid-19, maior crise de saúde dos últimos tempos, o deputado Márcio Nakashima acionou o Tribunal de Justiça de São Paulo para que o governo suspendesse todos os contratos com empresas privadas, cujos medicamentos e insumos pudessem ser fornecidos pela Furp. “Por conta do decreto de calamidade pública, as compras e contratações emergenciais à época eram feitas com dispensa de licitação, o que promoveu uma gastança desenfreada, permitiu contratos irregulares e suspeitas de superfaturamento.


“Sai governo, entra governo, e o que a gente percebe é que, infelizmente, não há interesse em manter a pleno funcionamento um laboratório próprio com capacidade para produzir 2 bilhões de medicamentos por ano a um custo bem inferior ao que vem sendo praticado no mercado”, afirma Nakashima.

“Não é possível que o governo, mais uma vez, ignore toda essa capacidade produtiva da Furp e escolha gastar milhões com empresas privadas”, analisa.

A Ação Popular na Justiça teve adesão de outros deputados do grupo PDO (Parlamentares em Defesa do Orçamento).