PM usou gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam bloquear a entrada na usina; companhia decidiu parar a produção de placas de aço em Cubatão, o que irá gerar demissões
Desde às 5h30 desta quarta-feira,11, manifestantes realizam um protesto contra a decisão da Usiminas de paralisar a produção de placas de aço da usina em Cubatão, no litoral sul de São Paulo. A parada temporária da unidade deve fazer com que 4 mil funcionários sejam demitidos.
A tropa de choque da Polícia Militar usou gás pimenta e balas de borracha para desfazer um piquete de sindicalistas que tentava impedir a entrada de trabalhadores na unidade da Usimina. Cerca de 150 manifestantes bloquearam o acesso ao portão principal da empresa por volta das 6h30 e barravam a entrada dos ônibus da companhia em protesto.
Com apoio da Cavalaria, os policiais usaram bombas de efeito moral e spray de gás pimenta para obrigar a desobstrução da entrada. Balas de borracha também foram disparadas, segundo os manifestantes. Algumas pessoas passaram mal, mas não havia informações sobre feridos.
O protesto foi organizado por sindicatos e centrais sindicais. Da porta da Usinimas, os sindicalistas seguirão até a prefeitura de Cubatão. Está previsto para as 11 horas, um ato em frente à prefeitura. Em apoio à manifestação, a prefeitura decretou ponto facultativo à tarde. O expediente nas repartições públicas será das 8 às 11 horas.
“É fundamental o apoio de toda a cidade para revertemos essa situação. O objetivo é facilitar a mobilização de todos e darmos o recado de que Cubatão e a Baixada Santista lutarão para impedir esse desmonte da empresa”, explicou o secretário de gestão, Marco Fernando da Cruz, em nota da Prefeitura.
Em comunicado sobre as manifestações desta quarta-feira em Cubatão, a Usiminas afirmou que respeita o direito dos cidadãos de expressarem livremente suas opiniões, mas espera que as manifestações se deem de forma pacífica. A empresa afirmou ainda que “espera que seus trabalhadores não sejam impedidos de exercerem suas atividades”.
Decisão. No anúncio da interrupção da atividade em Cubatão, a Usiminas afirmou que o processo de desativação será gradual e deverá ser concluído num prazo de três a quatro meses. O presidente do Sindicato dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista, Florêncio Rezende de Sá, afirmou na ocasião que as demissões poderiam chegar a mais de 8 mil empregados diretos e indiretos. Ainda nos cálculos dele, a siderúrgica gera 10 mil empregos diretos e indiretos na região.
Trabalhadores da usina siderúrgica da Usiminas em Cubatão (ex-Cosipa) informaram que vão iniciar uma greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira. Funcionários da companhia receberam com surpresa o anúncio feito pela empresa. “Na verdade, nós estamos apavorados, porque são mais de 3 mil empregos que podem ser eliminados de uma vez”, disse na ocasião Claudinei Rodrigues Gato, funcionário há 19 anos. “Só na minha família três pessoas trabalham para a empresa e, na minha casa, meu salário é a única renda”, diz o trabalhador, que mora em São Vicente com a mulher e a filha, de 12 anos.
Com o aumento do desemprego, o novo ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, tenta negociar com a Usiminas a suspensão temporária das demissões. O ministro solicitou que a companhia atrase por 120 dias os desligamentos na região, que podem ocasionar o fechamento de 4 mil postos.
Em nota, a Usiminas informou que respeita a posição de Rossetto e apresentará a ele as razões que tornaram inevitável a decisão de se desativar temporariamente as áreas primárias da Usina de Cubatão.
Trânsito. Em razão da manifestação, que poderá afetar o sentido São Paulo da Via Anchieta, a CET-Santos informou que posicionou operadores de tráfego nas avenidas Martins Fontes, Nossa Senhora de Fátima e região do bairro Alemoa. A CET também informou que o trânsito com destino a São Paulo foi desviado para Rodovia dos Imigrantes. Um total de dez operadores de tráfego iniciará a operação no perímetro santista e, dependendo da necessidade, o número será ampliado.