Dívida de R$ 60 milhões teria sido paga com dinheiro desviado de contrato.
Denúncia está em trecho da delação premiada de ex-gerente da estatal.
Uma dívida milionária da campanha do presidente Lula teria sido paga com dinheiro desviado de um contrato da Petrobras. A denúncia está em um novo trecho da delação premiada do ex-gerente da estatal, Eduardo Musa.
A dívida, que chegaria a R$ 60 milhões, era um empréstimo do PT junto ao Banco Schahin, feito na campanha presidencial de 2006.
De acordo com Eduardo Musa, o empréstimo teria sido intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.
Musa afirmou que, para quitar o empréstimo, foi orientado a “facilitar as coisas” para que o grupo Schahin, que também é dono de uma construtora, assumisse e recebesse pelo serviço de operação da sonda Vitória 10 mil.
O detalhe é que, segundo Musa, a sonda foi idealizada para explorar poços na África, o que acabou nem ocorrendo porque a própria Petrobras já havia constatado que os poços estavam secos.
Eduardo Musa também afirmou que a Schain foi escolhida sem licitação, sob o argumento de que já operava sondas em águas profundas, o que não seria totalmente verdadeiro, já que a empresa, à época, operava apenas uma sonda na Bacia de Campos e sem ter registrado grande performance.
Ele disse que trabalhou pela escolha da Schain para atender os pedidos de seus superiores. Musa confessou ter recebido US$ 720 mil de propina para atuar em favor da construtora Schain. Ele já é réu na Lava Jato e responde em liberdade pelo crime de corrupção.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que a dívida nunca existiu e que é mais uma mentira divulgada de maneira irresponsável para comprometer o partido. Falcão disse ainda que o PT jamais delegou a responsabilidade de arrecadar fundos de campanha e que todas as doações foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral.
O advogado de José Carlos Bumlai disse que o cliente contraiu um empréstimo no Banco Schain e pagou com doação de bens, sem qualquer tipo de favorecimento.
A defesa do Grupo Schain afirmou que a empresa era, na época, a única no país em condições de operar a sonda Vitória 10 mil.