O comportamento da indústria de São Paulo, que abriga o parque industrial mais amplo e diversificado do País, foi determinante para o recuo de 6,9% da produção do setor, entre os primeiros oito meses de 2014 e de 2015, e de 9%, entre os meses de agosto dos dois anos.
Mas, além de São Paulo, a crise industrial é tão generalizada e profunda que alcançou 10 das 14 regiões objeto da Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE. Com a exceção do Espírito Santo, que depende muito da área extrativa, mesmo nos locais onde houve indicadores positivos estes foram pouco expressivos.
A indústria é o segmento mais afetado pela recessão, registrando recuo mais intenso que o do PIB. Se há um aspecto menos negativo nesse quadro desanimador é o de que, se confirmar o padrão histórico, a indústria será o setor que mais rapidamente se recuperará, no futuro, quando o conjunto da economia retomar o crescimento.
Na comparação entre agosto de 2014 e agosto de 2015, em cinco Estados a queda foi superior a 10% – no Amazonas, o recuo foi de 13,8%, seguindo-se São Paulo com 12,9%, Rio Grande do Sul com 12,6%, Paraná com 11,4% e Ceará com 10,8%.
Em São Paulo, 16 das 18 atividades pesquisadas caíram na comparação anual, puxadas pelo declínio de 32,6% no setor de veículos automotores, reboques e carrocerias – ou seja, na indústria automobilística. As atividades de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis cederam 11,4% e as de alimentícios, 5,9%. Caiu a produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-36,2%), de farmoquímicos e farmacêuticos (-18,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-13,3%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,4%), de produtos de metal (-10,4%), de outros produtos químicos (-5,6%) e de têxteis (-20,8%).
Quedas expressivas ocorreram em Estados onde o parque industrial é forte: Rio (-4%) e Minas (-4,7%).
A indústria tem operado com tanta dificuldade que já começam a faltar produtos nas gôndolas dos supermercados, seja pelas difíceis negociações de preço entre produtores, atacadistas e varejistas, seja pelo impacto da desvalorização do real sobre os itens que dependem de insumos importados.
A inflação, afinal, afeta crescentemente a produção. Itens que já apresentavam declínio, como gasolina, óleo diesel e derivados, poderão ser ainda mais atingidos com o impacto do reajuste de preços.